Qualquer governo, qualquer poder mesmo que não democrático, tem que possuir uma "base social de apoio", isto é, tem de ter na sua base um conjunto de classes e grupos sociais que nele, nas suas acções e no modo como governa e exerce o poder, se reconheçam, dele directa ou indirectamente beneficiem ou esse apoio seja concedido apenas - ou fundamentalmente - por razões de natureza ideológica. Isso aconteceu, por exemplo, com a ditadura salazarista, que depois de conseguir, nos seus primeiros anos, congregar uma relativamente ampla base de apoio social - que, no fundo, apenas excluía uma boa parte do operariado industrial e agrícola e alguma burguesia liberal urbana - a foi perdendo a partir do final dos anos 50 do século XX, até cair, sem base de sustentação que se visse, em 1974, quando até uma parte significativa da grande burguesia industrial e financeira clamava por reformas profundas e abertura democrática.
Lembrei-me disto ao ler hoje estas declarações das confederações patronais, que mais parecem um verdadeiro toque a finados por um governo que, como verdadeira vanguarda que se assume, já não consegue congregar apoio significativo em lado algum. Ou melhor, talvez encontre a sua base social de apoio, a sua razão de ser e as razões que o sustentam, fora das fronteiras do país, agindo e comportando-se assim como um qualquer governo de uma qualquer potência ocupante. Que as afirmações de CIP, CAP e CCP revelem mais do que apenas alguma identidade de pontos de vista com as últimas declarações de Paulo Portas/Pires de Lima e com as ideias que têm vindo a ser repetidamente expressas por António José Seguro, é bastante mais do que pura coincidência. Direi mesmo que é premonitório de novos tempos que se avizinham.
2 comentários:
Caro JC
A resposta à pergunta só pode ser: sim.
E depressa.
O problema é também seguramente complicado. Seguro ? Não, obrigado.
Cumprimentos
Olhe que o voluntarismo nunca foi bom conselheiro, caro anónimo :-)
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