Podemos gostar ou não da Álvaro Cunhal e do PCP, comungar ou não das suas ideias e ideais (não comungo), estar até de acordo ou em desacordo com as opções da CML para a toponímia "alfacinha", mas gostaria de lembrar a Helena Matos algo que sei ela não desconhece mas com total desonestidade intelectual opta por varrer do seu conhecimento: Álvaro Cunhal e o PCP são parte estruturante da nossa história democrática e do regime, também ele democrático, em que vivemos; lutaram contra a ditadura e pelo seu derrube e, além de tudo o mais, o país viveu 48 anos sob a ditadura de António Oliveira Salazar, continuada por Marcelo Caetano, e não sob qualquer regime autoritário ou totalitário dirigido pelo Partido Comunista Português e por Álvaro Cunhal. Digamos que o actual regime democrático homenageia assim um dos seus, mesmo que a maioria dele tenha quase sempre discordado, e isso faz toda a diferença e só demonstra a sua superioridade. Assim sendo, é bom que Helena Matos deixe de tentar rescrever a História e perceba, apesar dos percalços do PREC, que o actual regime se implantou e edificou contra a ditadura do Estado Novo, e não contra quem poderia dar mais jeito a si e aos seus correlegionários para mais facilmente poderem moldar o país e os portugueses aos seus novos "amanhãs que cantam".
6 comentários:
Concordo com a essência do texto, e até não me parece nada mal que Álvaro Cunhal tenha uma Avenida com o seu nome, até porque há toponímias que evocam figuras que o merecem bem menos.
Mas para estar totalmente de acordo, teria que acrescentar que o regime democrático se cimentou apesar de Cunhal e dos ideais do seu partido.
Abraço
Acho um exagero dizer-se "apesar". Por várias razões,por vezes até de modo contraditório, Cunhal e o PCP acabaram por dar o seu contributo para a consolidação e institucionalização democrática, mormente no 25 de Novembro.
Ah! mas é precisamente aí que bate o ponto: a correrem as coisas de feição aos intentos de AC, no dia seguinte ao 25 de Novembro, estaríamos provavelmente sob o jugo de um regime que de democrático nada teria.
Por alguma razão, o PCP considerou o 25 de Novembro um golpe contra-revolucionário e Ramalho Eanes persona non grata.
O papel do PCP no 25 de Novembro é tudo menos claro. Claro que, cá para fora e para os seus militantes, tinha de considerar os acontecimentos um golpe "contra-revolucionário", mas nesse dia acabou por recuar e tirar o tapete à esquerda radical. Usando a sua táctica de sempre o PCP foi "forçando" até ver onde podia e depois recuou em "boa ordem" tentando consolidar algumas das posições alcançadas. Aquela célebre frase de Melo Antunes no dia 26 sobre a indispensabilidade do PCP tem todo o ar de fazer parte do acordo conseguido no dia 25. O PCP é um partido institucional, que de aventureiro nada tem.
Foi assim mesmo. Já viu porque é que eu aqui há dias lhe disse que o PCP há muito que tinha deixado de ser um partido marxista-leninista? É mais para o revisionista. Nisso, os partidos ml tinham razão.
Mas, peço desculpa, estão errados. Esse comportamento do PCP é típico de um partido marxista-leninista.
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