quinta-feira, junho 06, 2013

O FCP e o treinador Paulo Fonseca

E se, por exemplo, FIFA e UEFA impusessem um período de nojo a treinadores impedindo-os de se transferirem na época imediatamente a seguir para clubes que tivessem disputado na época anterior a mesma competição que o clube de onde eram originários? Difícil? Sim, reconheço-o, mas comportamento semelhante no campo das incompatibilidades é já exigido em muitas outras áreas e actividades profissionais (na política, por exemplo) sem que ninguém (e bem) se escandalize com isso, antes o incentive. Além disso, o(s) treinador(es) em questão poderiam sempre transferir-se para clubes de outras divisões ou Ligas estrangeiras e, caso o não fizessem, a Liga profissional de cada país poderia sempre estabelecer uma qualquer forma de compensação por esse ano sabático. 

Claro que me lembrei disto a propósito da transferência de Paulo Fonseca para o FCP (aquele abraço de transferência de poderes a Vítor Pereira poderia pelo menos ter sido evitado) e do alegado aliciamento de Pinto da Costa a Jorge Jesus (sou "lampião" mas não sou estúpido). Mas muitos outros casos, em Portugal e no estrangeiro, se poderiam invocar em defesa do que proponho e da credibilidade de uma indústria que movimenta milhões e se organiza de forma ainda demasiado amadora, permitindo toda a espécie de "espertezas". Neste caso, o que Pinto da Costa parece querer dizer, com todo o desplante, é apenas isto: "vejam, essa coisa dos árbitros, da "fruta" e do "chocolate", acabou, pertence à pré-história do FCP. Agora os meus métodos são outros, legais e mais refinados". 

Nada de novo: assim foi evoluindo também a Máfia, a verdadeira.

8 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC

desta vez fiquei um bocadinho confuso. Mesmo quando não concordo com os seus pontos de vista (acontece, acontece) parece-me que entendo sempre a lógica dos argumentos e a força das demonstrações, mas desta vez, repito, não chego lá. O PF vai revelar ao FCP os "segredos" do concorrente? As equipas mais fortes deveriam ser impedidas de contratar os valores emergentes das mais fracas, para fomentar o equilíbrio e a competitividade? Ou é apenas uma questão de "prémio" por algum tipo de facilidades concedidas no último jogo?
Também eu sou lampião (já aqui vim uma vez ou outra comentar posts sobre o clube; já agora, o que é que faz aquele "mas" na frase "sou lampião mas não sou estúpido"?!) e fico abismado com as decisões do Vieira relativas ao JJ (e então quanto ao Carraça!!!), que farão com que o clube em Outubro já esteja sem treinador e sem rumo (não é de espantar no Vieira, mas ainda assim pensava que havia alguma capacidade de aprendizagem com os erros...) e com a perda de oportunidade de contratação do PF, pois vejo sempre três hipóteses de possíveis perfis para treinador do Glorioso:
- um jovem ambicioso e já com algumas provas (Erikson / Mourinho / Paulo Fonseca), mesmo com a margem de risco que isso implica, para o que deve lá estar a tal "estrutura", se for necessário
- um treinador com personalidade / carisma e alguma ligação ao Benfica, nem que seja simbólica (Camacho / Ricardo Gomes /... e aqui terá sido onde o Benfica mais regrediu nestes últimos muitos anos, fruto da errática política de contratações e de aproveitamento de ex-jogadores
- uma raposa indiscutível (Trap / Heynckes / Pelegrini... hoje, de certeza, longe do que o Benfica poderá aspirar).
Por isso, posso lamentar a esperteza de PC, posso lamentar os erros do Vieira, posso agourar uma época desgraçada com o JJ, mas não consigo perceber a sua abordagem deste caso.
Abraço
carlos

JC disse...

Vejamos: um treinador de uma equipa que pode decidir o campeonato na última jornada ser logo de seguida contratado por um dos clubes interessados nessa decisão e que defrontou nesse mesmo jogo decisivo, pode dar origem a suspeições. É só isso.
Quanto a treinadores para o SLB e decisão sobre JJ,já me pronunciei.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Pinto Fruta da Costa apenas está a pagar a divida pela concessao de vitoria dada pelo Paços de Ferreira na ultima jornada do campeonato.
Um verdadeiro capo.

Anónimo disse...

Mas se Pinto da Costa ofereceu mais dinheiro a JJ não percebo como tal possa ser considerado concorrência desleal: limitou-se a fazer pela vida. Nada tem de ilegal ou, até, de moralmente condenável.”

Quem foi que há tão pouco tempo escreveu isto sobre o aliciamento de JJ com um pagamento doze vezes superior ao do seu próprio treinador bicampeão, sem passar pelas instâncias do clube, quando JJ ainda tinha contrato com o SLB, sabendo que este se encontrava em negociações de renovação ??

Se isto é puro “fair play” e nada tem de moralmente condenável então o comportamento agora relatado só pode ser angelical.

Sinceramente não compreendo.
Cumprimentos

JR

9:0

JC disse...

Caro JR: Oferecer um ordenado maior a um trabalhador da concorrência, mesmo no futebol, nada tem de ilegal ou condenável. Devia era ser estabelecido um regime de incompatibilidades, tal como acontece em outras área de actividade, que salvaguardasse questões pura e exclusivamente relacionadas com a tal verdade desportiva. Certo?

Vic disse...

Bom, por essa ordem de ideias, o Jorge Jesus nunca teria sido treinador do Benfica...

JC disse...

Pois não, Vic. E vai daí?

Vic disse...

Daí que não me parece que desta vez o texto faça muito sentido, uma vez que o procedimento não é exclusivo da equipa das Antas.
Até porque o número de treinadores portugueses de gabarito não é assim tão extenso, que uma tal imposição seria impraticável, para não lhe chamar outra coisa.
Mas eu entendo onde o meu caro queria chegar. O problema é que na altura do abraço, andava PC a ver se conseguia levar JJ para o Porto.