É inútil negar que as últimas movimentações populares contra o governo e a actual política de empobrecimento se saldaram por rotundos fracassos. E não vale sequer a pena invocar desculpas estúpidas como o bom tempo para a praia, ou mais razoáveis como algum cansaço e medo instalados, para os justificar, já que desde o 25 de Abril os portugueses sempre se movimentaram, inclusivamente quando das recentes manifestações contra o agravamento da TSU, sempre que acharam com tal acção conseguiam mudar a sua vida "para melhor". Exactamente por isso, parece-me que a verdadeira causa que explica a fraca mobilização popular mais recente terá exactamente a ver com a convicção assumida da sua impotência: as pessoas não saem à rua porque acham, talvez até com razão, que uma alternativa ao actual "estado de coisas" não é evidente e, portanto, este tipo de protestos de rua pouco ou nada contribuem para uma melhoria significativa das suas condições de vida. Porque reconhecem o país pode pouco contra a actual política recessiva europeia e não vêem possibilidades de levar a cabo uma verdadeira acção internacional concertada? Talvez... Mas também porque não conseguem ver no actual regime, entre o radicalismo do BE, o marxismo-leninismo do PCP e uma social-democracia e uma democracia cristã a quem, tendo governado durante os últimos 35 anos, responsabilizam por o que consideram ser (muitas vezes sem razão) o fracasso da democracia, uma alternativa pela qual valha a pena lutar. Este é o drama, mas também a responsabilidade política e social que podemos assacar aos dirigentes do país dos últimos anos vinte anos.
2 comentários:
Só uma pequena nota: há muito que o PCP não é um partido marxista-leninista. Só se intitulam como tal, mas isso eu também posso dizer que sou um grande músico e só toco campainhas de porta.
Não estou totalmente de acordo consigo. no essencial, continua a ser um partido marxista-leninista.
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