Um "post" publicado neste "blog" no dia 19 de Maio de 2009 e que me parece vir agora, em tempo de luta sindical de professores, bem a propósito recuperar por quem, como eu, defende a escola pública.
- "Alguém me explica porque não é de esquerda pretender que os professores sejam avaliados pelos orgãos de gestão das escola e progridam na carreira de acordo com o seu desempenho medido por essa avaliação?
- Alguém me explica porque não é de esquerda pretender que os professores, dentro de certos parâmetros, ganhem em função do seu efectivo desempenho, mediante avaliação pela hierarquia competente?
- Alguém me explica porque não é de esquerda pretender que a nota de um curso, muitas vezes completado há 20, 30 ou 40 anos, juntamente com a antiguidade não sejam os únicos ou fundamentais critérios para a colocação de um professor?
- Alguém me explica porque não é de esquerda pretender que o valor das licenciaturas dos professores não seja todo ele idêntico, para uma mesma nota final de curso, mas ponderado em função do prestígio e grau de exigência da universidade onde se obteve essa licenciatura?
- Alguém me explica porque não é de esquerda pretender que um professor colocado numa escola em zona problemática ou responsável por uma turma com mais dificuldades de aprendizagem seja melhor remunerado do que um outro colocado numa zona urbana privilegiada ou leccionando turmas compostas maioritariamente por alunos oriundos da classe média?
- Alguém me explica porque um professor de matemática, português ou inglês, disciplinas básicas na formação de um aluno e que normalmente exigem maior esforço didáctico e mais empenho, não possa ter melhores condições de remuneração do que um outro leccionando “Trabalhos Oficinais ou “Estudo do Meio”?
- Alguém me explica porque se convencionou não ser de esquerda conceder maior autonomia às escolas na sua organização e na contratação dos seus docentes, desde que cumpridos certos padrões universais?
- Alguém me explica porque não é de esquerda pretender que, dentro de certos limites definidos pelo ministério da educação, uma escola, se o pretender, não possa ter um certo grau de liberdade na gestão do seu orçamento, inclusivamente remunerar ou formar melhor os seus recursos humanos ?
- Alguém me explica porque não é de esquerda exigir que um professor, para além das suas funções pedagógicas (preparar e dar as aulas), tenha o seu papel obrigatório na melhoria da organização e desenvolvimento da estrutura escolar, incluindo ligação à comunidade e angariação de fundos junto desta de modo a permitir melhorar as condições oferecidas aos alunos?
- Enfim, alguém me explica porque todas estas medidas, essenciais à melhoria da escola pública, objectivo que defendo e é suposto a esquerda também defender, são atacadas por sindicatos e partidos que se dizem de esquerda? Serão mesmo de esquerda?"
2 comentários:
Pois é. Põe-se com conversas destas e ainda é apelidado de reaccionário.
É curioso que após estes anos de democracia os imobilistas, os "conservadores", as brigadas de reumático, trocaram de posição.
Já não é a direita, mas sim a esquerda, outrora vanguardista e ousada.
Tornaram-se medrosos e imobilistas. Agora tudo está bem como está. Não se pode alterar nada. Tudo são direitos adquiridos. Tudo assusta, tudo mete medo.
É curioso mas preocupante.
Não tenho complexos de esquerda ou de direita, caro leitor fralves.
Cumprimentos
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