sexta-feira, fevereiro 25, 2011

A "atitude"

Bom, o tema acabou por me ser lembrado por um comentário de um leitor que destacava aquilo que ele designa por (grande)“atitude” da equipa do SLB nos últimos jogos e, mais concretamente, ontem. Vou ser claro: na maior parte dos casos (não excluo um ou outro, pontual, que possa não se enquadrar no que vou dizer) quando falamos da boa atitude de uma equipa, mais do que a “vontade”, o “querer”, a “garra” e por aí fora, tal significa que o colectivo e os jogadores que o compõem se sentem confortáveis com os princípios, modelo e sistema de jogo que a equipa perfilha, isto é, que eles são adequados os jogadores utilizados e resultam quando postos em prática colectivamente. Um pouco como tudo parece mais fácil, se desenvolve de modo mais mais fluído e nos “dá mais gozo” quando pensamos e executamos um trabalho cujo tema dominamos, do qual gostamos e que tivemos facilidade, desde o seu início, em ordenar e esquematizar. Se e quando isso acontece, se o trabalho é adequado à nossa personalidade, conhecimentos e começamos desde muito cedo a nele nos reconhecermos, facilmente nos entusiasmamos e os resultados serão bem melhores.

É isso que acontece com agora com o SLB. Depois de um início de época em que a equipa parecia, como por aqui fui afirmando, um pouco “lost in translation” (foi a expressão que usei), perdida entre dois modelos, por inadaptação de jogadores como Gaitán e Jara a princípios e modelo “importados” da época passada, por “desconfiança” simultânea em a equipa assumir sem medo as transições ofensivas rápidas por via da insegurança demonstrada, nas suas costas, por Roberto, individualmente e na sua relação com os jogadores à sua frente, parecendo com isso revelar pouca “atitude”, a adaptação destes jogadores e a consistência acrescida trazida por Salvio a estes princípios e modelo permitiram que a equipa se sinta hoje muito mais confortável na sua pele, fazendo crer que a sua “atitude”, colectiva e individualmente considerada, terá mudado. Nada disso: ao sentir-se finalmente confortável no modo como joga, tudo se torna mais fluído, o que se reflecte no acréscimo dos valores de confiança demonstrados. Não foram, portanto, a “garra”, o “querer” ou a “vontade de ganhar” que mudaram; mas, se virmos bem e com “olhos de ver”, algo que tem muito mais a ver com questões de carácter técnico, resultantes do trabalho efectuado nos treinos ao longo da época.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC

Subscrevo que para a "atitude" o facto de se sentirem confortaveis nos processos será "meio caminho andado", mas englobo na "atitude" a existência de motivação, espirito de equipa, "suar a camisola", querer vencer, acreditar. Podem ser chavões, mas no fundo o segredo do treinador (e nisso o Moirinho é mestre), para além da táctica tem de criar uma "equipa" e um grupo motivado. Por oposição veja-se o que se está a passar nos ultimos tempos com os "lagartos".
A sucessão de vitórias e de excelentes exibições do glorioso naturalmente que constituem um forte contributo para o reforço da "atitude"...é uma bola de neve que esperemos não se desfaça nos tempos mais próximos.
O inicio de época foi um desatino. È pena que o campeonato não tenha começado em finais de Outubro...mas são as regras do jogo.

Cumprimentos

JC disse...

As vitórias e as excelentes exibições aparecem quando a equipa se sente confortável nos seus processos de jogo.Vá lá dizer a uma equipa que não se sente bem na forma como joga que tem de suar a camisola, "querer ganhar", etc, etc... Pode "suar" e "querer", mas como ganha menos vezes acaba por perder a confiança em si mesma e no seu treinador.As equipas de Mourinho "motivam-se" pq sabem podem poder ganhar e ganham.