sábado, março 08, 2008

Governo: os cenários depois do dia de hoje

O governo deve preparar-se para uma guerra longa na área da educação, só assim, pela determinação e pelo desgaste, tendo alguma possibilidade de a vencer. Mas, para o fazer deve retomar rapidamente a iniciativa, deixar a defensiva e a timidez que o têm caracterizado nos últimos dias e enfrentar directamente a contestação, cara a cara e olhos nos olhos, à Thatcher. Chamando as “coisas pelo seu nome”. Desafiando o conservadorismo e o poder dos sindicatos, mas também utilizando o didactismo e a pedagogia sempre que necessário e evitando as operações propagandísticas e os eventuais tiques de autoritarismo gratuito. Só assim ganhará para si o respeito da maioria dos portugueses, para o caso de, eventualmente sem condições de levar para diante as reformas no sector da educação, se vir obrigado a pedir a convocação de eleições antecipadas, aproveitando o actual momento de desnorte e fragilidade da oposição. Um cenário que pode parecer longínquo, mas que uma análise mais profunda, depois do dia de hoje, não afastará assim tanto do horizonte e até talvez possa vir a ser a solução definitiva. É que, depois deste dia, talvez se compreenda também, um pouco melhor, porque Guterres se demitiu e Barroso “fugiu” para Bruxelas, ou porque D. Carlos I resolveu chamar João Franco a formar governo.

Nota: em entrevistas realizadas a manifestantes acabei de ouvir um deles, mulher, dizer na RTP 1 que levava “porrada” todos os dias” e um outro confundir conjuntura com conjectura. Professores?

2 comentários:

Anónimo disse...

JC:
É a 1ª vez que comento no seu blog. E, se concordo com a generalidade do que afirma no início deste post, já,no que respeita ao último parágrafo...temo que não possa concordar.
A razão de forma abreviada: aos professores (e falando unicamente nos seus interesses)a queda do governo não interessa. Isso só interessa às forças políticas que engendraram, manipulando, este cenário.
Se os professores cumprirem a lei (a que julgo estão obrigados!), têm acesso à subida de escalão; se não a cumprirem, não têm! Atrasá-la-ão (e à melhoria do sistema escolar, pelo menos) ainda mais , ao provocar a queda deste governo.
Só assim se percebe que os professores se considerem vítimas desta ... "política".
Eu ainda não vi, nem ouvi, publicado ou comentado por professores, que a FENPROF tenha apresentado qualquer ALTERNATIVA formal e consistente a esta lei. Penso que será esse o caminho por onde o governo deverá insistir futuramente; sem no entanto , abdicar da aplicação desta lei.
Nós, os portugueses, precisamos de acreditar que vale a pena votar, que dispomos de alguém neste pais, que tem a CORAGEM de o MELHORAR !!
Só assim daremos às crianças de hoje a EDUCAÇÃO dos homens de amanhã; só assim lhes mostraremos que os seus professores, de hoje, estavam errados, quando lhes mostraram que se pode (e diria mesmo, quase deve)retaliar, resmungar, birrar egoistamente,em qualquer circunstância, à qual nos oponhamos ou, com a qual não concordemos.
Sim. Os professores estão a ser crianças mimadas e birrentas, egoítas e prepotentes, porque egocêntricos e,também porque acicatados por oportunistas anti-democráticos.
O governo deve pois continuar , tal como um pai, que projecta uma educação para um filho, ou seja: ouvindo-o, respeitando-o, mas sendo firme nas decisões e pedagógico nas explicações.
Este governo tem (mais) essa RESPONSABILIDADE (que julgámos definitivamente conquistada), a de Garantir a Democracia. A de zelar e impedir, o mais possível, que estes oportunismos grassem e vinguem.
A AUDÁCIA e a DETERMINAÇÃO parecem-me hoje, mais importantes que nunca, para a consolidação e crescimento da democracia.
O que aconteceu com Guterres foi ausência de audácia; o que aconteceu com Durão foi cobardia e oportunismo.
Não nos serve repetir nenhum destes padrões de comportamento, só adiariam o progresso e o crescimento do pais.

Kika

JC disse...

Obrigado pelo seu comentário. Reafirmo, no entanto, que caso o governo se veja impedido de aplicar as reformas que propõe, não lhe restará outra opção senão pedir a convocação de eleições, assim reforçando a sua legitimidade.

Concordo com o que afirmou quanto a Guterres e Barroso. D. Carlos I (note-se que não sou monárquico) quis mudar (embora eu questione o modo como o fez, mas os tempos eram outros) e foi morto.
Cumprimentos