Durante anos sonhei ter um Jaguar e, claro, nunca tive um. Aí por volta da adolescência, nos late teens, ainda me lembro ter sondado o meu pai - para que comprasse um para ele -, que deve ter pensado tinha um filho doido e me retorquiu, de imediato, até estar disposto a comprá-lo se eu pagasse a respectiva manutenção, coisa com fama de se situar muito para além das possibilidades do comum dos mortais. Um familiar por afinidade tinha um, um “E Type”, preto com estofos de cabedal bordeaux, e manteve-o até há relativamente pouco tempo (anos 90), juntamente com um Daimler (a versão mais exclusiva) “saloon” 3.8, este comprado já como “clássico” e de longe o meu modelo favorito.
Depois, a partir dos anos 70, a marca entrou em declínio, juntamente com todas as outras da indústria automóvel britânica (lá por casa sempre houve carros ingleses), e o Jaguar tornou-se num carro de fiabilidade duvidosa que ninguém, pelo menos no seu perfeito juízo, se lembraria de comprar. Indiferente, pois, naquilo que me diz respeito, foi a época em que passei a ter direito a carro de empresa, melhor ou pior consoante a função que ocupava, e, por isso, de escolha limitada à política vigente.
Já nesta década, depois da marca ter sido vendida à Ford, o Jaguar passou novamente a ser considerado um carro fiável, mas perdeu algum do seu charme, ou melhor, travestiu esse charme em glamour, o que significa ter-se tornado emergente, coisa que teve o condão de me afastar afectivamente da marca. Claro que ainda me fazia virar a cabeça, de vez em quando espreitar, mas, bem vistas as coisas, era já mais uma romagem de saudade, como se estivesse apenas a ver uma recriação "hollywoodesca" de um passado não muito distante e não um daquelas séries de época tão caras à BBC.
Agora, passou de colonizador a colonizado e, mesmo que venha a ser considerado, por decreto, viatura oficial de todo e qualquer marajá que ainda reste dos tempos do velho Raj, com direito a cornaca de turbante tornado chauffeur por imposição turística, já nada será como dantes. Ou melhor, até poderá ser: se me sair um dia em sorte o prémio de um qualquer Euromilhões, em que não jogo, ou a herança de uma tia rica que desconheço exista, comprarei um exemplar de cada modelo saído até 1970, desde os tempos dos Swallow, e, então sim, eles se tornarão de novo em charme guardados religiosamente na garagem que não tenho. Ah, e serão todos verde escuro, pois claro, com o emblema do RAC na grelha.
Já nesta década, depois da marca ter sido vendida à Ford, o Jaguar passou novamente a ser considerado um carro fiável, mas perdeu algum do seu charme, ou melhor, travestiu esse charme em glamour, o que significa ter-se tornado emergente, coisa que teve o condão de me afastar afectivamente da marca. Claro que ainda me fazia virar a cabeça, de vez em quando espreitar, mas, bem vistas as coisas, era já mais uma romagem de saudade, como se estivesse apenas a ver uma recriação "hollywoodesca" de um passado não muito distante e não um daquelas séries de época tão caras à BBC.
Agora, passou de colonizador a colonizado e, mesmo que venha a ser considerado, por decreto, viatura oficial de todo e qualquer marajá que ainda reste dos tempos do velho Raj, com direito a cornaca de turbante tornado chauffeur por imposição turística, já nada será como dantes. Ou melhor, até poderá ser: se me sair um dia em sorte o prémio de um qualquer Euromilhões, em que não jogo, ou a herança de uma tia rica que desconheço exista, comprarei um exemplar de cada modelo saído até 1970, desde os tempos dos Swallow, e, então sim, eles se tornarão de novo em charme guardados religiosamente na garagem que não tenho. Ah, e serão todos verde escuro, pois claro, com o emblema do RAC na grelha.
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