Cavaco e Sócrates

Analisa-se. Cada vez mais de perto. Escalpeliza-se. Emprega-se o zoom. Procuram-se convergências e divergências. Afastamentos e aproximações. Coincidências, talvez. Co-habitações e sinais de futura separação de facto. Se for em video, este é objecto de análise. Frame a frame. Se áudio, bobina-se e rebobina-se. Para-se. Procuram-se gestos. Expressões. Inflexões de voz. Esgares e a sensação de palpitações. E porque será que não se pode medir a temperatura do corpo? E quiçá usar o polígrafo? Isso, o polígrafo! Talvez ele nos garantisse se algum deles mentia!

Patético! Este é o termo para designar o que os "media" tomaram como medida de todas as coisas, de toda a política portuguesa. Sócrates e Cavaco. O mood entre os dois. A compatibilidade. Já não é interesse, é vasculhisse. Já não é tentar prever o futuro do país, é "voyeurismo". São os mesmos métodos das revistas cor de rosa. É o hábito de estar enredado nelas - e por elas - e nas suas páginas . Tudo já é automático e ninguém pensa. Que diabo!, apenas durante uns segundos! Ele ainda o apoia. Não apoia. Vão afastar-se. Não vão. Ele quer resultados. São os dois autoritários. Dependem um do outro. Não dependem.

E, no entanto, todos sabemos que o essencial é implementar as estratégias que todos conhecemos. De há muito. É essa capacidade política, e ela apenas numa pequena parte depende de Cavaco. E de Sócrates com Cavaco. Como de Cavaco com Mendes. Ou sem Mendes e com qualquer outro. É noutro campo que tudo se joga. No dos interesses. E esses?