Existe demasiado ruído à volta da questão do aborto, o que dificulta que nos debrucemos sobre aquilo que na realidade é essencial, a questão-chave que determina todas as outras. E essa é uma questão política:
- A actual lei não é aplicada por demonstrar ser perfeitamente inadequada aos sentimentos gerais dominantes na sociedade. É uma lei que desprestigia a democracia e enfraquece a autoridade do estado.
- A mesma lei não impede o recurso ao aborto; apenas as empurra, consoante o seu estatuto económico-financeiro, para o aborto clandestino, na prática tolerado, em clínicas privadas que todos conhecemos ou realizado em condições degradantes e de risco agravado. Ou então no estrangeiro.
- É portanto uma solução socialmente injusta e que alimenta um sector florescente da economia paralela.
- A aprovação da lei proposta a referendo irá contribuir para diminuir os casos de aborto clandestino, diminuindo o risco da intervenção e ajudando a combater a economia paralela. E deixa á consideração de cada um aquilo que na verdade é uma questão de consciência, do foro íntimo dos que têm de decidir: a decisão de abortar.
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