Em 1998, o PS, ao aceitar submeter a referendo a lei sobre o aborto, inviabilizando qualquer decisão futura que por aí não passasse (seria politicamente inaceitável alterar na AR uma decisão anteriormente referendada, vinculativa ou não, como pretende o PCP), permitiu, de facto, que resvalasse para o campo da moral e da religião aquilo que deveria ser, na sua essência, uma discussão política baseada em argumentos de ordem idêntica. Ao fazê-lo, sob a capa de algo aparentemente tão "democrático" como o recurso à democracia directa, está, isso sim, a contribuir, na prática e com esta sua acção, para o enfraquecimento do estado democrático, baseado no primado da política, na eleição representativa e na laicidade das suas instituições. É um caminho perigoso que esperemos acabe bem.
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