Segundo o “Público” de hoje (edição on-line), Francisco Louçã ter-se-á mostrado indignado, durante um comício realizado em Faro, pelo facto de, segundo o próprio Louçã, Bagão Félix estar a levar a cabo uma campanha a favor do “não” no referendo sobre o aborto “financiada por milionários anónimos”. Gostaria de dizer o seguinte:
- Votarei sim, convictamente, no próximo referendo, como já o fiz em 1998.
- Sou de opinião que os Estado deve providenciar para que as mulheres que desejem abortar, dentro da lei, o possam fazer nos estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde em condições idênticas, nomeadamente no que se refere ao seu custo, às disponibilizadas para outro tipo de intervenções. Só assim se poderá combater eficazmente o aborto clandestino.
- Considero que uma boa parte da argumentação que tem sido utilizada por alguns grupos de cidadãos defensores do “não” é demagógica e não coloca a discussão numa base séria e esclarecedora.
- Tendo dito isto, considero que o cidadão Bagão Félix (ou outro qualquer – cidadão ou movimento reconhecido) tem todo o direito de utilizar os meios financeiros que conseguir angariar, dentro das normas previstas na lei, para realizar a sua campanha, demagógica ou não, a favor do “não”. Como o têm, também, os cidadãos e movimentos pelo “sim”, onde me incluo - e parece que também Francisco Louçã.
- Mais ainda – e embora eu discorde frontalmente do cidadão Bagão Félix quanto ao argumento (que considero demagógico) dos custos das IVG’s realizadas dentro da lei - não me parece que exista qualquer incoerência entre ele utilizar dinheiro privado, que angaria, na defesa do “não” e defender a não utilização de financiamento público numa questão que tem a sua oposição de princípio.
- Com afirmações como as proferidas em Faro, Francisco Louçã está não só a pôr em causa princípios de liberdade do Estado Democrático, que diz defender, como a prejudicar objectivamente aquilo por que se diz bater: a vitória do “sim” no referendo do próximo dia 11 de Fevereiro.
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