A visita do PR à Índia e a respectiva estratégia de comunicação

Uma grande “chapelada” de cumprimento para a estratégia de comunicação do Palácio de Belém nesta ida de Cavaco Silva à Índia. Em primeiro lugar, o facto de uma grande parte do programa da visita parecer ter sido organizado em função dessa mesma comunicação, que pretende escamotear o lado eminentemente político que uma representação nacional deste tipo, ao mais alto nível, deve prioritariamente conter e ceder lugar ao económico. Trata-se de marcar a diferença com anteriores visitas de estado, vistas pela opinião pública menos informada (muito por responsabilidade de deficiente comunicação, mas não só) mais como visitas turísticas a expensas do erário público do que como viagens oficiais. Por essa razão o pagamento da estadia por parte dos empresários convidados, que roça a demagogia mas passa bem na opinião pública, bem como o ênfase colocado na vertente económica da visita permitindo passar a ideia de que estamos perante um investimento tangível, o que, obrigatoriamente, contribui para criar a convicção de que se trata de algo com um retorno contabilizável num prazo de tempo relativamente curto (sabemos que não será assim). O pano de fundo da crise estrutural da economia portuguesa e o facto da União Indiana ser uma economia emergente, com especiais resultados em algumas áreas técnicas e científicas, fornece o supporting evidence adequado.

Por outro lado, o modo cuidadoso como se fez passar a mensagem, utilizando com discrição e cuidadosamente alguns comentadores apoiantes do Presidente da República e/ou da sua área política mas cuja audiência e credibilidade ultrapassa em muito esses limites, merece também o meu indiscutível cumprimento, ajudando à criação de uma imagem de desígnio nacional. Chapeau!!!