Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
domingo, dezembro 31, 2006
Outras Músicas (13)
Saddam
When I Look at the Pictures - Lawrence Ferlinghetti (11)
The scene shows fewer tumbrils
Zapatero e a ETA
sábado, dezembro 30, 2006
Milly Possoz e o "Estado Novo" (10)
Os clubes portugueses e os "reforços" de Inverno
sexta-feira, dezembro 29, 2006
Adriano Moreira
Problemas com a ligação à NetCabo
My name is Bond, James Bond...
quinta-feira, dezembro 28, 2006
"Tu quoque" José Pacheco Pereira? - ou "Os Feriados e a Demagogia"
quarta-feira, dezembro 27, 2006
Rui Rio e um outro tipo de exibicionismo
História(s) da Música Popular (22)
Como italo-americana que se preza, começou, aos cinco anos, por cantar “O Sole Mio” e, por sugestão do pai (“isto” nem sempre os pais são fonte de sabedoria e bom gosto) gravou em 1958 “Who’s Sorry Now”, uma versão “modernizada” de um êxito de 1923. Depois de ter gravado outros oldies, como “Among My Souvenirs” que chega a #7 do “hit parade”, os êxitos foram “de seguida”, tanto nas “baladas” (Everybody’s Somebody’s Fool chega a #1) como em áreas mais próximas do r&r. De entre estes, salienta-se “Lipstick On Your Collar” (#5) que virá a dar o nome e a ser canção-tema de uma das melhores séries de televisão de sempre, em 1993, da autoria de Dennis Potter (passou na RTP nos anos noventa e era bom que esta a repetisse na RTP Memória).
Mas talvez o seu êxito mais conhecido em Portugal seja “Stupid Cupid” dos ditos Howie Greenfield/Neil Sedaka (esse mesmo, o do “Oh Carol!”) que com ele ganharam um contrato com a então nascente Aldon Music, do produtor Don Kirshner, e assim se mudaram de “armas e bagagens” para o nº 1619 da Broaway, o célebre Brill Building (já disse que, a seu tempo, dedicarei um capítulo inteiro ao assunto). O que é mais curioso é que a versão talvez mais conhecida em Portugal é um cover, com letra e pronúncia em português do Brasil, cantado por uma tal Celly Campelo (morreu em 2003), que, aliás, reincidiu com outro tema de Connie Francis, “Together”, que em português se chamava, salvo erro, “Juntinhos” (pelo menos, faz sentido!). Penso que “Estúpido Cupido” também não terá sido o único cover de Greenfield/Sedaka, mas "isto agora não interessa nada".
Como é habitual, a estrela de Connie Francis entrou em período de fade out com a “British Invasion”, mas aqui fica o testemunho, via “Stupid Cupid”, da sua marca na música popular. "Stupid Cupid" you're a real mean guy!
Miguel Sousa Tavares e o FCP
terça-feira, dezembro 26, 2006
James Brown (1933-2006)
Há (havia) em James Brown um excesso de exibicionismo gratuito, uma excentricidade forçada que me desagrada profundamente, daí não ser dos meus favoritos, estar mesmo muito longe disso. Por outro lado, o facto de se ter dispersado por vários géneros ou sub-géneros, ao longo de uma carreira demasiado longa e orientada fundamentalmente para o “sucesso” e o showbizz, (preenchida?), retira-lhe alguma consistência e coerência, alguma unidade, tal como aconteceu a tantos outros, apesar disso mais decisivos do JB. Não alinho, portanto, nos panegíricos excessivos que os media lhe dedicam - e que são sintomáticos do que acima se afirma nesta época do “mais vale parecê-lo do que sê-lo” - colocando-o ao nível de importância de um Bob Dylan e de um Elvis Presley, também eles com carreiras demasiado longas e desiguais. Que dizer, então, de outros nomes da música negra como Ray Charles, Otis Redding e Aretha Franklin, para só nos ficarmos por aqui? E fiquemo-nos mesmo por aqui...
segunda-feira, dezembro 25, 2006
Outras Músicas (12)
J.S.Bach - 1. Jauchzet frohlocket auf preiset die Tage (de "Christmas Oratorio", BWV 248). Interpretação dos English Baroque Soloists e do Monteverdi Choir dirigidos por John Eliot Gardiner.
domingo, dezembro 24, 2006
sábado, dezembro 23, 2006
Aljubarrota na 2: (II)
sexta-feira, dezembro 22, 2006
Aljubarrota na 2:
Confesso que estou curioso sobre o primeiro (?) programa da série “As Grandes Batalhas de Portugal” que hoje, na 2: (21.15h), se debruça sobre a batalha de Aljubarrota, cuja descrição e enquadramento nos livros de História de Portugal do ensino secundário tem constituído fraude digna de candidatura ao “Guiness Book Of Records”, tão do agrado dos portugueses que preferem o fogo fátuo ao trabalho organizado de longo prazo. Vá lá que nos últimos anos alguns artigos de divulgação, publicados em jornais e revistas, se têm encarregue de colocar as coisas nos seus devidos lugares. De qualquer modo, e antecipando-me um pouco, não quero deixar desde já de acentuar algumas questões:
- Não existia, na época, um sentimento “nacional” tal como o conhecemos hoje, não estando, por isso, o assunto na primeira linha do conflito. O levantamento do “povo” (leia-se “burgueses”) de Lisboa tem como objectivo fundamental não a “independência” mas a tentativa de evitar o seu domínio por parte da aliança entre grande aristocracia portuguesa e castelhana, o que constituiria um travão às suas aspirações de fortalecimento e poder. Forçaram mesmo aquilo a que se chamaria hoje um “parecer jurídico”, por parte de D. João das Regras, para justificar a entrega do trono a um bastardo que, ainda por cima, estaria relutante em aceitá-lo.
- Estávamos, na Europa, em plena “Guerra dos Cem Anos”, e o que aconteceu em Aljubarrota (onde parece que os dois exércitos nunca estiveram realmente face a face o que, a acontecer, tornaria qualquer eventual heroísmo ou bravura inglórios), em certa medida, não foi mais do que um dos seus episódios, não substancialmente diferente do que aconteceu em Crécy e Poitiers e, mais tarde, em Azincourt. Aliás, havia ingleses do lado português, que foram decisivos, e franceses, além de portugueses (uma boa parte da grande aristocracia portuguesa combateu por D. João de Castela, que defendia os seus interesses), do lado de Castela que foram também decisivos, neste caso para derrota.
- John of Gaunt, 1º Duke of Lancaster e filho de Edward III de Inglaterra, pai da futura rainha Filipa de Portugal (Philippa of Lancaster), era pretendente ao trono de Castela por via do seu casamento com D. Constança, filha de D. Pedro de Castela, e o seu envolvimento, para além de questões de Estado relacionadas com a “Guerra dos Cem Anos”, deve-se também a este facto. Invadirá, sem sucesso, Castela no ano seguinte (1386) ao da batalha de Aljubarrota.
- Este é o início da chamada “aliança inglesa” (entre Portugal e a Inglaterra), episódio da luta de Inglaterra contra as duas grandes potências continentais (Castela/Espanha e França), que garantirá a independência de Portugal nos séculos seguintes mas tornará o país uma sub-potência marítima sob protecção britânica, afastando-o das grandes decisões que se jogarão no espaço europeu continental. Talvez a referência inicial do nosso subdesenvolvimento.
Portugal e a Fórmula Um
quinta-feira, dezembro 21, 2006
História(s) da Música Popular (Xmas Special)
Nele colaboram algumas das “descobertas” de Phil Spector (para além do seu “wall of sound”, claro), tais como “The Crystals”, Darlene Love, “The Ronettes”, Bob B. Soxx And The Blue Jeans, bem como o próprio Phil Spector, Jack Nitzsche e Sonny Bono, futuro marido de Cher (em 1964) e co-intérprete do célebre “I Got You Babe” que lançou o duo “Sonny and Cher” em 1965.
Pois aqui fica a versão de Darlene Love (gravou “He’s a Rebel” com as “Crystals”, o único #1 do grupo) e do Phil Spector “wall of sound” de “White Christmas”, de Irving Berlin, com os votos de um óptimo Natal e um ainda melhor Ano Novo.
António Lobo Xavier e o "apito dourado"
Mas diria também mais: o facto de não ser imparcial e ter posições firmes e publicadas sobre o assunto só pode ser positivo, pois a sua acção irá centrar-se no sentido da credibilização dessas suas posições públicas anteriores (sem a qual poderá ficar desacreditada) o que a conduzirá, certamente e neste caso, pelos caminhos necessários a uma investigação aprofundada, não desistindo perante as primeiras “dificuldades” (entenda-se o termo da forma o mais abrangente possível). Competirá então à esperada imparcialidade dos tribunais julgar dos factos apresentados e, assim, indirectamente, da credibilidade de MJM e do modo como terá conduzido a investigação.
Por outro lado, a afirmação de ALX contém também em si mesma um mecanismo de ocultação da sua própria “não independência”, enquanto parte interessada, sendo, como é, vice-presidente da direcção daquela que, mesmo que indirectamente, é, em termos de opinião pública, a principal entidade visada em toda a investigação: o FCP e o seu presidente. É que se MJM não julga, e, por isso, não tem necessidade de alegar independência, o mesmo não acontece com ALX, enquanto comentador, já que esta sua categoria deveria subentender, senão independência, pelo menos alguma ética de “distanciamento”, pudor ou “nojo” que o deveria levar a abster-se de um envolvimento tão directo ou, em alternativa, a anunciar a sua condição de “parte” antes de cada intervenção.
quarta-feira, dezembro 20, 2006
Grandes Séries (6): a WWII na TV (á "boleia" de Iwo Jima)
Revanchismo político no referendo?
O modo como os partidários do “Não” têm conduzido a campanha, nesta última semana - apresentando uma proposta que, na prática, é um incentivo ao aborto clandestino -, obriga-me a interrogar, uma vez mais, sobre o que estará em causa neste referendo, para além daquilo que consta da respectiva pergunta e que é bem claro. Para além dos números do próximo domingo poderem significar uma vitória ou derrota da efectiva influência política da Igreja Católica (e, principalmente – friso -, de alguns dos seus sectores e organizações mais conservadores), na sociedade portuguesa, parece-me que, “cavalgando” oportunisticamente questão da IVG, poderá estar a desenhar-se em torno da campanha um fenómeno de revanchismo político de cariz semelhante ao acontecido em Espanha com o PP, mudando apenas o alvo (Sócrates em vez de Zapatero). E se em Espanha esse fenómeno se organizou em torno da Associação das Vítimas do Terrorismo e da questão das nacionalidades, conduzindo ao domínio do PP pelos seus sectores mais radicais, a actual “deriva” conservadora do PSD na questão agora a referendar (e não só: o enfrentamento do PR na questão das finanças autonómicas é sintomático), depois de posições iniciais de evidente moderação, poderá indiciar fenómeno semelhante, ao qual não será alheio o facto de o PS ter vindo a ocupar, nos últimos tempos, o espaço político que era tradicionalmente o seu e de o CDS estar em crise. Claro que há vozes do PSD na campanha do “SIM” (como Rui Rio e Paula Teixeira da Cuz - Pacheco Pereira "resguardou-se"), mas esperemos não estejam a fazer o papel, reservado à extrema-esquerda no tempo da guerra fria, de idiotas úteis. Aguardemos...
Terá o "revanchismo" político tomado conta do referendo?
O modo como os partidários do “Não” têm conduzido a campanha, nesta última semana - apresentando uma proposta que, na prática, é um incentivo ao aborto clandestino -, obriga-me a interrogar, uma vez mais, sobre o que estará em causa neste referendo, para além daquilo que consta da respectiva pergunta e que é bem claro. Para além dos números do próximo domingo poderem significar uma vitória ou derrota da efectiva influência política da Igreja Católica (e, principalmente – friso -, de alguns dos seus sectores e organizações mais “conservadores”), na sociedade portuguesa, parece-me que, “cavalgando” oportunisticamente questão da IVG, poderá estar a desenhar-se em torno da campanha um fenómeno de revanchismo político de cariz semelhante ao acontecido em Espanha com o PP, mudando apenas o alvo (Sócrates em vez de Zapatero). E se em Espanha esse fenómeno se organizou em torno da Associação das Vítimas do Terrorismo e da questão das nacionalidades, conduzindo ao domínio do PP pelos seus sectores mais radicais, a actual “deriva” conservadora do PSD na questão agora a referendar (e não só: o enfrentamento do PR na questão das finanças autonómicas é sintomático), depois de posições iniciais de evidente moderação, poderá indiciar fenómeno semelhante, ao qual não será alheio o facto de o PS ter vindo a ocupar, nos últimos tempos, o espaço político que era tradicionalmente o seu. Claro que há vozes do PSD na campanha do “SIM” (poucas e só uma bem audível – Paula Teixeira da Cuz), mas esperemos não estejam a fazer o papel, reservado à extrema-esquerda no tempo da guerra fria, de idiotas úteis. Aguardemos...
O referendo e o revanchismo político
O modo como os partidários do “Não” têm conduzido a campanha, nesta última semana - apresentando uma proposta que, na prática, é um incentivo ao aborto clandestino -, obriga-me a interrogar, uma vez mais, sobre o que estará em causa neste referendo, para além daquilo que consta da respectiva pergunta e que é bem claro. Para além dos números do próximo domingo poderem significar uma vitória ou derrota da efectiva influência política da Igreja Católica (e, principalmente – friso -, de alguns dos seus sectores e organizações mais “fundamentalistas”), na sociedade portuguesa, parece-me que, “cavalgando” oportunisticamente questão da IVG, poderá estar a desenhar-se em torno da campanha um fenómeno de revanchismo político de cariz semelhante ao acontecido em Espanha com o PP, mudando apenas o alvo (Sócrates em vez de Zapatero). E se em Espanha esse fenómeno se organizou em torno da Associação das Vítimas do Terrorismo e da questão das nacionalidades, conduzindo ao domínio do PP pelos seus sectores mais radicais, a actual “deriva” conservadora do PSD na questão agora a referendar (e não só: o enfrentamento do PR na questão das finanças autonómicas é sintomático), depois de posições iniciais de evidente moderação, poderá indiciar fenómeno semelhante, ao qual não será alheio o facto de o PS ter vindo a ocupar, nos últimos tempos, o espaço político que era tradicionalmente o seu. Claro que há vozes do PSD na campanha do “SIM” (poucas e só uma bem audível – Paula Teixeira da Cuz), mas esperemos não estejam a fazer o papel reservado à extrema-esquerda no tempo da guerra fria: de idiotas úteis. Aguardemos...
O referendo e o revanchismo político
O modo como os partidários do “Não” têm conduzido a campanha, nesta última semana - apresentando uma proposta que, na prática, é um incentivo ao aborto clandestino -, obriga-me a interrogar, uma vez mais, sobre o que estará em causa neste referendo, para além daquilo que consta da respectiva pergunta e que é bem claro. Para além dos números do próximo domingo poderem significar uma vitória ou derrota da efectiva influência política da Igreja Católica (e, principalmente – friso -, de alguns dos seus sectores e organizações mais “fundamentalistas”), na sociedade portuguesa, parece-me que, “cavalgando” oportunisticamente questão da IVG, poderá estar a desenhar-se em torno da campanha um fenómeno de revanchismo político de cariz semelhante ao acontecido em Espanha com o PP, mudando apenas o alvo (Sócrates em vez de Zapatero). E se em Espanha esse fenómeno se organizou em torno da Associação das Vítimas do Terrorismo e da questão das nacionalidades, conduzindo ao domínio do PP pelos seus sectores mais radicais, a actual “deriva” conservadora do PSD na questão agora a referendar (e não só: o enfrentamento do PR na questão das finanças autonómicas é sintomático), depois de posições iniciais de evidente moderação, poderá indiciar fenómeno semelhante, ao qual não será alheio o facto de o PS ter vindo a ocupar, nos últimos tempos, o espaço político que era tradicionalmente o seu. Claro que há vozes do PSD na campanha do “SIM” (poucas e só uma bem audível – Paula Teixeira da Cuz), mas esperemos não estejam a fazer o papel reservado à extrema-esquerda no tempo da guerra fria: de idiotas úteis. Aguardemos...
A RTP, o "Serviço Público" e a laicidade do Estado
As Capas de Cândido Costa Pinto (20)
terça-feira, dezembro 19, 2006
Goa e os "Satyagraha"
Sócrates e o TC
História(s) da Música Popular (21)
Seria complicado ficarmo-nos só por um tema, se quiséssemos transmitir toda a “força” das suas interpretações, potencialidades da sua voz e leque de opções que fez seu. Por isso mesmo optámos por dois temas diferenciados: “Sweet Nothings” (lado esquerdo) e “I’m Sorry” (dtº), este talvez o tema que ficou para sempre como a sua marca.
segunda-feira, dezembro 18, 2006
O MIC e o aborto
Milly Possoz e o "Estado Novo" (5)
Hermínio Loureiro
Uma História Simples
Na adolescência o grupo aumentou, com a inclusão dos namorados e namoradas. Acabaram os "Dinky Toys" e os jogos de futebol e começaram as reuniões para “ouvir discos”, os jogos de monopólio e de “ping pong”, as festas de garagem e os também jogos de sedução. Embora ainda o continuássemos a ver por perto, as suas tentativas de presença tornaram-se mais espaçadas, como que percebendo que a introdução do elemento feminino o tornava ainda menos desejado ou isso o intimidasse. Acho, mesmo, se sentiria mal, deslocado. A determinado momento, constou se teria tomado de amores platónicos por uma das raparigas mais giras do grupo, espreitando-a quando ela vinha do colégio, o que de imediato o transformou em objecto da chacota geral.
Chegada a idade adulta, e depois de várias actividades políticas ou culturais vividas intensamente nos chamados anos de brasa”, uns tornaram-se advogados, outros gestores; comissários ou pilotos da TAP, bancários, médicos e arquitectos. Nunca mais soubemos dele, invisível "nos anos de brasa", até que um dia apareceu obscuro deputado de um dos partidos do “arco governamental” (parece que é assim que se diz), sem que antes, ou até hoje, lhe tenhamos conhecido qualquer intervenção política ou ideia sobre a vida ou o país. Consta que teria grande capacidade de trabalho, e assim por lá andou, pela “Assembleia”, os anos suficientes para a reforma precoce, e pelo “partido” em tarefas que se presume burocráticas e com o cinzentismo e subserviência que, sem disso termos consciência, sempre lhe tínhamos reconhecido. Um dia, por qualquer razão que desconheço, e depois de ter conseguido colocar um familiar seu em lugar de relevo no executivo camarário, deixou o parlamento e passou para as mesmas funções de “chega-me isso” num dos clubes de futebol da cidade dirigido por personalidade de passado pouco claro e fortuna súbita. Acho que por lá continua, pois o vejo por vezes na televisão, em fundo, sem nunca lhe ter ouvido uma palavra.
domingo, dezembro 17, 2006
sábado, dezembro 16, 2006
sexta-feira, dezembro 15, 2006
Mª José Morgado
Milly Possoz e o "Estado Novo" (4)
História(s) da Música Popular (especial)
Hesitei muito sobre o que aqui devia deixar enquanto homenagem a Ahmet; as escolhas são inúmeras. Optei por esta, que é bom exemplo, entre tantos outros, da música da “Atlantic”. Para além disso, decisivo na escolha, tem um título sintomático: “do you like good music? “Seet Soul Music”, Mr. Ertegun? Ora, pois, ela aqui está: Arthur Conley, “Sweet Soul Music”.
quinta-feira, dezembro 14, 2006
"The Lost Prince"
A saia da Carolina... (4)
A saia da Carolina... (3)
A saia da Carolina... (2)
A saia da Carolina... (1)
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Sobre os benefícios e malefícios da descentralização no "reino" de Portugal
Vem isto a propósito da intenção (por enquanto, parece-me mesmo não passar de um powerpoint mais ou menos propagandístico) do Governo de descentralizar, entregando-a às autarquias, a gestão de escolas do ensino básico, hospitais locais e redes de acção social. Neste caso, e na teoria, não poderia estar mais de acordo, adversário me confesso, por exemplo, do actual modelo “estalinista” de gestão das escolas. Mas quando oiço o Sr. Ruas falar sobre assunto pouco me falta para puxar da pistola...É que estas mesmas autarquias (o seu pessoal, as suas estruturas, procedimentos e modelos de gestão e... hábitos de trabalho e cultura instalada) formaram-se, cresceram e consolidaram-se com outras finalidades e objectivos, não me parecendo nada líquida a sua conversão e adaptação num curto espaço de tempo. Para além de que talvez fosse também útil começar pela total restruturação da divisão administrativa do território (que já tarda vinte anos), eliminando municípios e freguesias, fundindo alguns e criando outros. Como isso seria necessariamente trabalho longo, não digo que se não avance desde já; ficar com o actual sistema de gestão centralizada das escolas é, pura e simplesmente, suicidário. Mas que se não brinque de aprendiz de feiticeiro e não se pergunte, então, porque a arma nos explodiu na cara.
As Capas de Cândido Costa Pinto (19)
Mª de Fátima Bonifácio e Pinochet
Maria de Fátima Bonifácio, que independentemente de acordos e desacordos oiço sempre com interesse e atenção, acabou de declarar na RTPN (“Choque Ideológico”), em certa medida isso funcionando como atenuante para o “golpe” militar de Pinochet, que duvidava que, na situação radicalizada do Chile durante a presidência de Allende, estivessem reunidas condições para a realização de novas eleições e para a possível aceitação de uma vitória da direita. Não negando que, eventualmente, pudesse existir essa possibilidade, competindo às chamadas “forças da ordem” garantir e forçar mesmo a sua realização e aceitação dos respectivos resultados, estamos aqui, aceitando a argumentação de MFB, perante a ideia do golpe militar preventivo, versão adaptada da guerra preventiva da administração Bush que tão “excelentes” resultados tem dado. Adaptando a situação ao meu bairro e à minha rua, vou passar a chamar a polícia de cada vez que vir um sujeito com mau aspecto ali à porta ou a rondar algum carro! Ou, melhor ainda, acho que lhe dou logo um murro! Bom, de qualquer modo alguma coisa Pinochet garantiu: é que não houve mesmo eleições. E durante dezassete anos!!!
História(s) da Música Popular (20)
Em Portugal passavam frequentemente na rádio, o que significava que a sua música e clean cut look eram aceitáveis para a ditadura e para a moral e bons costumes conservadores da época. Deixaram mesmo sequelas, na pessoa e na pele do duo “Os Conchas”, apelidados pela maldicência indígena de “Os Irmãos da Ameijoa”, que gravaram mesmo um cover, com letra em português, deste “Cathy’s Clown”. Chamava-se, salvo erro, “O Fantoche do Amor”!!!
Pronto, mas vale o original. E aqui ficam então os verdadeiros “Everly Brothers” e o seu “Cathy’s Clown”.
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Pinochet
Em primeiro lugar, o Chile é o país mais europeu da América Latina. Não estamos numa daquelas repúblicas onde os generais Alcazár e Tapioca trocavam regularmente o poder por via de “pronunciamentos” militares, mas num país com uma tradição democrática estabelecida e umas forças armadas, dizia-se, constitucionais, o que terá contribuído para o “choque e espanto” sentidos.
Também, o facto de Salvador Allende ter sido eleito democraticamente. Com apenas 36.2 % dos votos, é certo, mas assim mandavam os preceitos constitucionais e as regras eleitorais. Para além disso, a própria figura de Allende, longe de ser um populista como hoje o são os que se reclamam da “esquerda” na América Latina, era a de um “europeu como nós”, respeitador da legalidade e um homem culto de formação humanista. Por fim, um “moderado” tanto quanto se podia sê-lo nessa época e nesse local. Por vezes, apetece-me compará-lo a Manuel Azaña, ambos homens bem intencionados levados na radicalização de um processo que pareciam já não dominar. Por fim, a dignidade da sua morte, e mesmo o romantismo que ela encerra na sua última fotografia conhecida, pistola-metralhadora na mão e capacete mal posto na cabeça, muito pouco à l’aise na pose, o que contribuía para reforçar a sua imagem do cidadão por oposição ao guerrilheiro, figura tão em voga na América Latina de então.
Por outro lado, e tanto quanto isso era possível acontecer na época, tudo se passa numa certa marginalidade face à “guerra fria”, por um lado, ou aos modelos “guerrilheirista” e “guevaristas”, por outro, não sendo o partido comunista do Chile uma força determinante em todo o processo nem tendo nele uma influência decisiva. Terá sido mesmo, talvez, o primeiro processo em que aquilo que se designava genericamente por “esquerdismo”, tão característico do pós Maio 68, assumiu um papel de destaque e uma influência decisiva, muito por responsabilidade da ala esquerda do PS chileno e do MIR.
Mais ainda, é um golpe militar “puro e duro”, sem (ao contrário dos fascismos, do comunismo ou de movimentos populistas) o suporte de uma teoria ideológica ou de um pensamento doutrinário estruturado. Trata-se, pura e simplesmente, de estabelecer a “lei e a ordem” e de assegurar a continuidade dos negócios em geral e dos interesses americanos em particular (mais os dos negócios do que os estratégicos, o que reforça a carga negativa). É o “estado policial” na sua forma mais pura e despojada. Por fim, a brutalidade inicial não é escondida mas mostrada como elemento dissuasor – e os acontecimentos do Estádio Nacional e o episódio Victor Jara assumem aqui um carácter estruturante. É a tortura selectiva na sua forma mais brutal e primitiva (dos choques eléctricos e por aí fora) que assume o posto de comando. A fotografia de Augusto Pinochet, óculos escuros, sentado, rodeado pela sua "junta" militar passa para a história da iconografia política como o símbolo do medo, do “Viva la Muerte” mais de trinta anos depois.
Por último, estamos na época de todos os sonhos e experimentalismos vários. Na ressaca da “primavera de Praga”, o comunismo soviético perde a credibilidade que, aqui e ali, ainda lhe sobrava dos tempos da WW II. Existe, à esquerda, um clima febril de busca de alternativas, de “modelos”, do “maoísmo” ao “guerrilheirismo guevarista”, do “socialismo em liberdade” aos nacionalismos terceiro-mundistas. A experiência de “transição pacífica para o socialismo”, no seio das instituições liberais, é uma ingenuidade comovente que apaixona, e à qual o golpe de Pinochet põe termo colocando também assim um fim em todas as utopias.
Morreu, finalmente, Augusto José Ramón Pinochet Ugarte. Parece que era católico, e por isso acreditava na imortalidade da alma, se é que ditadores a têm. Pois que assim seja e, para o caso de a ter, que a memória das suas vítimas a atormente para todo o sempre.
domingo, dezembro 10, 2006
Uma vez mais o futebol; mas não só...
Do (meu) "Chiado" e da (minha) nostalgia.
Mais tarde, já na adolescência e início da idade adulta, era o tempo de perguntar se a “conta” dos “Monteiros” ou do alfaiate (havia conta corrente em ambos, que se pagava mensalmente consoante as disponibilidades da ocasião) permitia o fato que fazia falta ou as vaidades nos impeliam a comprar. Lembro-me de a compra do meu primeiro tweed, teria para aí uns doze anos, ter sofrido forte influência de compra idêntica do então Príncipe Juan Carlos, na altura já nos vinte e tais, informação subliminarmente avançada pelo Sr. Raúl a quem sempre nos dirigíamos. A tertúlia do “Belém” era então já uma saudade, passada a época das poucas glórias, e, por isso, depois de uma paragem na “Bertrand” ou na montra da “Piccadilly”, local de compra de gravatas e guarda-chuvas, lá seguíamos directamente para o carro, chave entregue aos cuidados do Sr. Augusto do Largo do São Carlos.
Aqui há bem poucos anos, já bem adulto e pai de família, entrei numa pequena engraxadoria da Rua Garrett e fui surpreendido por pergunta fulminante: “desculpe, não é filho de fulano de tal?” Pois, bem me parecia, é tão parecido com o seu pai! Sabe, ele antes de se reformar vinha cá quase todos os dias engraxar os sapatos...” Desci a Rua do Carmo e entrei directamente na “Luvaria Ulisses”, o único sítio do mundo onde ainda hoje consigo comprar luvas...
sábado, dezembro 09, 2006
História(s) da Música Popular (19)
No meio de tudo isto – e já não é pouco – surge o escândalo payola. Que se passou? Na época, era habitual as pequenas editoras (fundamentais, tal como as rádios locais, para o surgimento do rock & roll na pujante América do pós-guerra) entregarem aos disk-jockeys uma parte dos seus direitos de autor, como forma de retribuição pelo seu papel no lançamento de novos discos. Esta prática era, evidentemente, ilegal, o que levou a ASCAP (sociedade de autores e compositores mais ligada aos interesses das grandes editoras) a ordenar um inquérito sobre o assunto. Os resultados tiveram como consequência o escândalo que se adivinha, com muitos dos disk-jockeys, que tinham apoiado activamente o r&r, a saírem desprestigiados e a serem postos à margem. Entre eles estará Alan Freed, personagem nem sempre acima de qualquer suspeita mas a quem devem ser concedidos enormes e fundamentais créditos na divulgação da música negra para audiências brancas, das editoras independentes e do r&r na década de cinquenta.
Enquanto as mulheres, como Brenda Lee e Connie Francis, “levantam bem alto a bandeira do r&r” (lá iremos), entra-se na época dos teenage idols, dos boys next door com quem todas as mães da América gostavam as filhas saíssem no sábado à noite. É o tempo dos Pat Boone, Fabian, Frankie Avalon e Annette Funicello, mais os seus beach parties, e, claro, da retomada de controlo do mercado por parte das majors de NY e LA. Ah, pois claro, e é o tempo das “danças”, do twist, madison, mashed potatoes and so on. Mas é tudo isto um desastre assim tão grande? Talvez não tanto, porque o r&r adquire também uma maior qualidade, com melodias melhor construídas, um trabalho de produção mais cuidado e letras menos primitivas, tudo isto graças a alguns compositores e jovens produtores do "Brill Building/Tin Pan Alley", o edifício onde muitas editoras tinham os seus escritórios. É também este o período de oiro dos girls groups, da música "Doo Wop" e, na costa oposta, da surf music. Por todos eles passaremos, e a todos daremos a atenção que merecem, mas fiquemo-nos, agora, talvez pelo mais interessante dos teenage idols, Ricky Nelson, que teve também um papel (o jovem Colorado Ryan) no célebre “Rio Bravo” de Howard Hawks. Ricky Nelson nasceu em New Jersey, a 8 de Maio de 1940, dia que viria, cinco anos mais tarde, a ser o do fim da WWII na Europa. Parece que terá começado a cantar logo depois de uma namorada lhe ter confessado estar apaixonada por Elvis Presley!... Depois de um bem sucedido cover de “I’m Walking”, de “Fats” Domino, “Poor Little Fool” (1958) e “Hello Mary Lou (1961) atingem o #1 do hit parade. É este “Poot Little Fool” que por aqui fica, com a indicação de que com a "British Invasion" a estrela de Ricky Nelson empalidece e, após 1966, ele se dedica à country music, deixando cair o “y” a passando a Rick Nelson.