Um interessante comentário de uma leitora deste blog leva-me a escrever esta nota, completando o que afirmei em post anterior sobre o que poderá estar em causa neste referendo:
O modo como os partidários do “Não” têm conduzido a campanha, nesta última semana - apresentando uma proposta que, na prática, é um incentivo ao aborto clandestino -, obriga-me a interrogar, uma vez mais, sobre o que estará em causa neste referendo, para além daquilo que consta da respectiva pergunta e que é bem claro. Para além dos números do próximo domingo poderem significar uma vitória ou derrota da efectiva influência política da Igreja Católica (e, principalmente – friso -, de alguns dos seus sectores e organizações mais conservadores), na sociedade portuguesa, parece-me que, “cavalgando” oportunisticamente questão da IVG, poderá estar a desenhar-se em torno da campanha um fenómeno de revanchismo político de cariz semelhante ao acontecido em Espanha com o PP, mudando apenas o alvo (Sócrates em vez de Zapatero). E se em Espanha esse fenómeno se organizou em torno da Associação das Vítimas do Terrorismo e da questão das nacionalidades, conduzindo ao domínio do PP pelos seus sectores mais radicais, a actual “deriva” conservadora do PSD na questão agora a referendar (e não só: o enfrentamento do PR na questão das finanças autonómicas é sintomático), depois de posições iniciais de evidente moderação, poderá indiciar fenómeno semelhante, ao qual não será alheio o facto de o PS ter vindo a ocupar, nos últimos tempos, o espaço político que era tradicionalmente o seu e de o CDS estar em crise. Claro que há vozes do PSD na campanha do “SIM” (como Rui Rio e Paula Teixeira da Cuz - Pacheco Pereira "resguardou-se"), mas esperemos não estejam a fazer o papel, reservado à extrema-esquerda no tempo da guerra fria, de idiotas úteis. Aguardemos...
O modo como os partidários do “Não” têm conduzido a campanha, nesta última semana - apresentando uma proposta que, na prática, é um incentivo ao aborto clandestino -, obriga-me a interrogar, uma vez mais, sobre o que estará em causa neste referendo, para além daquilo que consta da respectiva pergunta e que é bem claro. Para além dos números do próximo domingo poderem significar uma vitória ou derrota da efectiva influência política da Igreja Católica (e, principalmente – friso -, de alguns dos seus sectores e organizações mais conservadores), na sociedade portuguesa, parece-me que, “cavalgando” oportunisticamente questão da IVG, poderá estar a desenhar-se em torno da campanha um fenómeno de revanchismo político de cariz semelhante ao acontecido em Espanha com o PP, mudando apenas o alvo (Sócrates em vez de Zapatero). E se em Espanha esse fenómeno se organizou em torno da Associação das Vítimas do Terrorismo e da questão das nacionalidades, conduzindo ao domínio do PP pelos seus sectores mais radicais, a actual “deriva” conservadora do PSD na questão agora a referendar (e não só: o enfrentamento do PR na questão das finanças autonómicas é sintomático), depois de posições iniciais de evidente moderação, poderá indiciar fenómeno semelhante, ao qual não será alheio o facto de o PS ter vindo a ocupar, nos últimos tempos, o espaço político que era tradicionalmente o seu e de o CDS estar em crise. Claro que há vozes do PSD na campanha do “SIM” (como Rui Rio e Paula Teixeira da Cuz - Pacheco Pereira "resguardou-se"), mas esperemos não estejam a fazer o papel, reservado à extrema-esquerda no tempo da guerra fria, de idiotas úteis. Aguardemos...
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