Afinal, parece que a demagogia e o populismo encontram terreno fértil onde menos se espera, e mesmo entre aqueles que não raras vezes levantam a voz contra eles. Este é o comentário “que me apetece” depois de ter assistido ontem à “Quadratura do Círculo”. Que raio, José Pacheco Pereira, a amizade não desculpa tudo e, quando se trata de populismo, não pode haver condescendência para uns (Rui Rio) e intransigência para outros (Paulo Portas ou Santana Lopes). Mas enfim, parece que já quase ninguém lhes escapa, infelizmente. Tudo isto vem a propósito da tolerância de ponto no “Boxing Day” (o dia a seguir ao Natal, para que me não acusem de anglofilia exacerbada) e numa coisa eu estou de acordo: a dita “tolerância de ponto” mais parece uma atitude magnânima de um qualquer senhor feudal do que uma decisão de um estado democrático num país que se pretende civilizado. Solução? Seria bem mais interessante que o Estado se dedicasse a efectuar uma revisão criteriosa dos feriados nacionais, quer civis quer religiosos, adaptando-os aos tempos de hoje. Por exemplo, e não tendo eu qualquer parti pris (tanto me faz viver numa república como numa monarquia, desde que democráticas e civilizadas, e essa seria a minha posição face a eventual referendo), que sentido faz hoje em dia, e para as novas gerações, o feriado de 5 de Outubro e não, por exemplo, o 23 de Setembro ou o 1 de Outubro dias, respectivamente, da aprovação e juramento, por D. João VI, da Constituição de 1820 que, essa sim, faz Portugal entrar na modernidade? Quanto aos feriados religiosos, os católicos que se pronunciem, mas também me parece que haverá um ou outro que bem poderia ser eliminado sem grande prejuízo da dita maioria católica. Qualquer deles bem poderia, pois, ser substituído com vantagem pelo “Boxing Day”, bem melhor aproveitado para um calmo regresso a casa ou à “normalidade” depois das “azáfamas” do Natal. Acresce que nesse dia já muitas empresas concedem “ponte” a metade dos seus funcionários e outros aproveitam a semana entre o Natal e o Ano Novo para férias. Dos que restam, todos sabemos que se trata, na maioria dos casos, de uma semana de descompressão e trabalho não muito intenso. Fica a sugestão...
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