Um concurso, ou entretenimento, de televisão, cujos resultados não têm qualquer significado ou rigor científicos, sendo, por isso, insusceptíveis de qualquer tipo de análise política séria, ocuparam, durante semanas, os nossos comentadores e analistas, gastando rios de tinta, resmas de papel, milhares de megabytes e centenas de horas de emissão. Tudo porque no referido concurso foi eleito(???) como o “melhor português de sempre” o nosso ditador de estimação. O assunto – quer dizer, o concurso (?) – chegou a mobilizar algumas das personalidades tidas por mais influentes (certamente, mais mediáticas) na nossa sociedade, em defesa das suas damas (e cavalheiros, claro).
Na passada semana acabou de ser emitido na RTP1 o último programa de uma série que analisa com seriedade e rigor a nossa história recente; a evolução de várias facetas do país e dos seus habitantes nas últimas quatro décadas. Estou a falar, claro, de “Portugal- Um Retrato Social”, de António Barreto e Joana Pontes. Foi dos melhores programas de TV, de produção nacional, dos últimos anos e aquele que, em conjunto com “Portugal - Um Retrato Ambiental”, de Luísa Schmidt, melhor analisou alguns aspectos sociais da nossa história na segunda metade do século XX. Nos media, na "blogosfera", na TV do serviço público abateu-se sobre o assunto um silêncio de morte. Nem um debate final, uma análise à posteriori, uma discussão na "blogosfera". Nada! Era talvez demasiado sério. Não seria talvez controverso.
PS (de post scriptum): talvez um pouco tarde demais, mas sobre o tal concurso idiota e os seus resultados saúdo um artigo que Pedro Magalhães publicou no “Público”, o único - que me lembre - que pôs os pontos nos ii e “chamou os bois pelos nomes”. Muito bem!
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