segunda-feira, maio 21, 2007

A Fenprof, os exames e o ministério

Lê-se no "Público" on line e espanta-se:

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) criticou hoje a realização das provas de aferição nos 4º e 6º anos, considerando que a intenção do Ministério da Educação é responsabilizar as escolas e os docentes pelos resultados dos alunos.

"O ministério de Maria de Lurdes Rodrigues parece pretender que as referidas provas sejam mais um mecanismo de avaliação e responsabilização das escolas e professores, caso as classificações dos alunos venham a ser baixas", afirma a Fenprof, em comunicado.

"Esta intenção, que a Fenprof rejeita e repudia, fica muito clara pelo facto de o Ministério da Educação remeter para as escolas a incumbência de montar estratégias de superação das dificuldades dos alunos, pretensamente diagnosticadas através das classificações por eles obtidas"

Mas então a quem caberá a responsabilidade? Apenas ou essencialmente ao Ministério? Quem terá de definir estratégias para a superação das dificuldades dos alunos? Também só e apenas o Ministério? Nesse caso, para que servem então os professores? Para lerem mecânicamente o que vem nos manuais? As classificações não são, também elas e em conjunto com outras metodologias, método de diagnóstico e avaliação da eficácia da aprendizagem?

Se alguém ainda tinha dúvidas sobre a responsabilidade dos sindicatos do sector, com a conivência das várias equipas que foram passando pelo ministério, no estado a que chegou a educação em Portugal...

4 comentários:

Eurydice disse...

Pois... esta gente não se enxerga, e o resultado está à vista!
Em vez de críticas racionais e construtivas, é um alarido disparatado por coisas que não faz sentido querer imputar ao Ministério!
Resultado: o descrédito total para a classe, pois estes (e outros!) profissionais dos sindicatos não fazem a mais pequena ideia do que é ser professor, do que é ser aluno, do que é uma escola...
Se ao menos
não fossem destituídos daquele simples aparelho biológico chamado OUVIDO!

JC disse...

Cara Bianca:
Mtº folgo de ouvir esta crítica sua!...

Eurydice disse...

Estou a ver- e digo-o sorrindo! Pensava que por ser crítica em relação à política ministerial não o era em relação aos sindicatos?...
Se tivéssemos sindicatos a sério, muita coisa teria sido diferente desde sempre. Claro que a culpa também é nossa, que fomos ficando agarrados ao dia-a-dia achando que não tínhamos paciência para gastar com essas coisas dos sindicatos. O problema é que eles são INSTITUCIONALMENTE nossos representantes, ainda que não nos representem no verdadeiro sentido do termo. A maior parte do tempo, tentam, isso sim, instrumentalizar-nos. Sem qualquer pudor.

José Carrancudo disse...

As razões de problemas são mais profundas.

O País está em crise educativa generalizada, resultado das políticas governamentais dos últimos 20 anos, que empreenderam experiências pedagógicas malparadas na nossa Escola. Com efeito, 80% dos nossos alunos abandonam a Escola ou recebem notas negativas nos Exames Nacionais de Português e Matemática. Disto, os culpados são os educadores oficiosos que promoveram políticas educativas desastrosas, e não os alunos e professores. Os problemas da Educação não se prendem com os conteúdos programáticos ou com o desempenho dos professores, mas sim com as bases metódicas cientificamente inválidas.

Ora, devemos olhar para o nosso Ensino na sua íntegra, e não apenas para assuntos pontuais, para podermos perceber o que se passa. Os problemas começam logo no ensino primário, e é por ai que devemos começar a reconstruir a nossa Escola. Recomendamos vivamente a nossa análise, que identifica as principais razões da crise educativa e indica o caminho de saída. Em poucas palavras, é necessário fazer duas coisas: repor o método fonético no ensino de leitura e repor os exercícios de desenvolvimento da memória nos currículos de todas as disciplinas escolares. Resolvidos os problemas metódicos, muitos dos outros, com o tempo, desaparecerão. No seu estado corrente, o Ensino apenas reproduz a Ignorância, numa escala alargada.

Devemos todos exigir uma acção urgente e empenhada do Governo, para salvar o pouco que ainda pode ser salvo.