Logo pela manhã, ouvi alguém da CGTP declarar que muitos trabalhadores não fariam greve por motivos financeiros, isto é, impossibilidade de perderem um dia do seu salário. É, em si mesma, uma declaração de falta de confiança e de ausência de expectativas nos seus resultados. Vejamos. Um dia de trabalho representa 3.333...% do salário mensal (0.0024% de um salário anual de 14 meses), o que poderia ser recuperado no futuro com relativa facilidade caso a greve alcançasse alguns dos seus resultados, mesmo que medidos pela fasquia mínima. Mesmo falando de algo menos tangível, como objectivos políticos, mal está a consciência política dos trabalhadores, as suas lutas e seus dirigentes quando, mesmo em ocasiões de crise e “recuo do movimento dos trabalhadores” (como diria a CGTP), estes não conseguem sacrificar 3.3333...% do seu salário de um mês ou 0.0024% do seu rendimento anual por conta desses mesmos objectivos, ou disfarçam a adesão à greve com uma falta justificada. Longe vai o tempo das “greves revolucionárias” em que se sacrificava o presente e, por vezes, a vida em troca da esperança futura.
Sem comentários:
Enviar um comentário