Não deixa de ser curioso algum silêncio, ou pelo menos algum déficit de intervenção política pública, do PCP e BE, em outros casos tão estridentemente activos, no caso da Ota e TGV. Quando muito, e se estive atento, ficam-se por algumas declarações avulsas, aqui e ali, mais sobre questões acessórias ligadas com privatizações como a da ANA e menos sobre o essencial, suficientemente vagas para que se tornem numa não-opinião e apenas porque é necessário dizer alguma coisa. Percebo-os. Por um lado estamos a falar de grandes obras públicas, que pela sua própria natureza e estatuto jurídico (público) se inscrevem perfeitamente no seu ideário político. Mais ainda, e para além de algum emprego directo que irão necessariamente gerar - e nem todo irá para imigrantes -, irão gerar também algum efeito multiplicador, provocando crescimento económico conjuntural e subsequente aumento dos níveis de emprego, mesmo que tenha também como resultado um agravamento de déficit externo, algo que para quem não tem perspectivas de governo não se revestirá de grande importância. Mas, por outro lado, tanto o PCP como o BE têm a perfeita noção de que tudo isto é conjuntural, ilusório e não sustentável, e, principalmente, significará mais do mesmo, ou seja, em nada contribuirá para mudar qualitativamente o modelo de desenvolvimento ou os níveis de competitividade do país, ajudando a quebrar o círculo vicioso “baixa qualificação”, “baixa produtividade e valor acrescentado”, “salários baixos”, modelo contra o qual se têm, com razão, batido. Ora aqui está um assunto que lhes provocará algum desconforto e no qual gostaria de os ver mais activos...
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