Num dia em que a UE admitiu dois novos “estados-membros” (que há menos de vinte anos viviam sob regime comunista), em que a Eslovénia aderiu ao Euro e Joseph Ratzinger fez declarações polémicas sobre a questão do aborto (além de outras, as do costume, mais ou menos consensuais e uma sobre a “contenção” que deveria ser ouvida com mais interesse), o chamado “serviço público de televisão” ocupou os primeiros vinte e um minutos do telejornal das 20h com uma pequena notícia sobre a eventual queda de um avião comercial na Indonésia e as comemorações do Ano Novo. Neste último caso, tivemos as mesmas reportagens iguais (de “festejos”(?) rigorosamente iguais em todo o mundo), com as mesmas perguntas idiotas e as mesmíssimas respostas iguais, ainda mais idiotas do que as perguntas, por parte de quem, se alguma fez pensou, já se esqueceu há muito de como o fazer. Para não pensarmos que a RTP se esquece dos “menos favorecidos” (que no tempo da ditadura se chamavam “pobrezinhos”) há a reportagem habitual sobre os "sem-abrigo" e, para não termos dúvidas sobre a “capacidade de realização dos portugueses”, também houve a notícia de que a Madeira tinha entrado para o Guiness Book of Records (êxito caucionado pelo Dr. Alberto João, quem mais poderia...) não sei bem porquê (nem me interessa), mas por causa de algo relacionado com a “festança”. Longe de mim querer transformar a RTP em “grande educadora” (seria “pior a emenda que o soneto”) mas se são estas as prioridades informativas que o “serviço público de televisão” estabelece para os portugueses, só está a provar aquilo que muitos de nós já há algum tempo suspeitávamos: não tem qualquer razão de existir fora do âmbito dos “fretes” que vai fazendo aos vários governos em funções.
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