Um barco em plena contravenção das normas de segurança (os tripulantes não levavam “coletes” salva- vidas e o barco navegava em zona proibida) naufragou e morreram seis dos seus ocupantes. Discute-se se os socorros chegaram ou não com a celeridade devida, o que já é uma inversão dos valores pois dever-se-ia começar por apurar o porquê da contravenção e tomar medidas para evitar casos semelhantes no futuro. Entretanto, um representante dos pescadores de Caxinas (localidade de onde os pescadores eram originários) é recebido por um assessor do Presidente da República e pelo Ministro da Defesa. Depois queixem-se do poder das corporações...
Ah, e já agora, se a busca e salvamento no mar depende da Marinha (por ser no mar) e da Força Aérea (por utilizar meios aéreos) porque é que a luta contra incêndios e os serviços de socorro de acidentes em terra não dependem do Exército?...
3 comentários:
Este país é, de facto, às avessas:
- tem pescadores que o que querem mesmo é morrer, nem que pª isso tenham que não cumprir normas ou ser arrastados pelo mar pª zonas onde é proibido navegar.
- tem 1 (um) serviço de salvamento cuja prontidão é de uma hora (o que depois não se verifica, logo não funciona mas, isso agora não interessa pª nada) situado num local central - Montijo - que até nem fica onde o mar é mais perigoso
nem onde se registam mais acidentes,
nem onde há mais portos de pesca, mas enfim, isso tbém não tem importância nenhuma.
- tem pescadores! Essa poderosa corporação capaz de deslocar uma delegação a Lisboa qdo morreram de uma vez, imagine-se, a quantidade irrisória de 6 pessoas, apenas pessoas ... e pescadores, que importância é que isso pode ter?
- e como já dizia Adam Smith, se cada um se especializasse naquilo que melhor sabia - Portugal produzia vinho e a Inglaterra tecidos - já nada disto acontecia. Ora se até houve subsídios da UE para abater embarcações, por que carga de água é que hão-de ainda existir pescadores neste país? Que estúpidos!
- pensando bem, para que existe este país?
Existe pª que se possa dizer mal dele. É um vício nacional.
Concordo que o exército deve ser envolvido nas operações de salvamento. E daí não sei, depois íamos dizer mal de qualquer modo ...
Meu caro anónimo:
Os pescadores obviamente não quereriam morrer. Mas, como a maioria dos portugueses, "facilitaram" ao não usar colete e arriscaram em zona proibida para tentarem pescar mais, sabendo que as autoridades não vigiam (ou vigiam pouco). Provavelmente, demoraram a pedir socorro com medo de serem multados por andarem a pescar onde não deviam... Isto não significa que os meios de socorro funcionem bem, claro está, mas o assunto tem sido claramente tratado "upside down".
Se num desastre na estrada morressem 6 pessoas por não terem cinto de segurança e ultrapassarem numa curva haveria todo este "chirivári"?
Quanto ao exército estar envolvido nas operações de salvamento era apenas sarcasmo, já que penso deveria existir um corpo único com meios para "acudir" a todas as situações, quer no mar ou em terra.
Volte sempre.
JC
Penso que, em caso de acidente na estrada c/ igual nº de mortes MAS por falta e/ou atraso na assistência, como no caso dos pescadores, haveria sem dúvida algum chinfrim.
Daria garantidamente abertura de telejornal e 1ª página de imprensa.
Talvez a Associação de Cidadãos Automobilizados quizesse vir a Belém ou S. Bento.
E, dependendo de quem morresse, até daria direito a inquéritos, comissões de averiguação, processos disciplinares, quiçá demissões and so on.
Já se sabe: somos assim.
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