José Mariano Gago começa mal o ano, mas faz “prova de vida”. Declarou que o governo não irá aumentar as propinas do ensino superior até ao final do mandato para atrair novos estudantes. É uma declaração populista. E é também má gestão. Primeiro, porque antes de decidir seria bem útil que o governo tivesse uma ideia aproximada do número de alunos que o aumento das propinas iria afastar da frequência deste grau de ensino – e da sua variação em função do valor desse aumento. Se a tem, nós não sabemos, o que me parece grave. Mas acho que não tem. Segundo, porque me parece ser a típica solução “o rabo a abanar o cão”, já que seria bem mais justo aumentar as propinas e definir e implementar um sistema eficiente de bolsas para quem provasse não as poder pagar, total ou parcialmente. Dá origens a injustiças? Se calhar, bem menores que as actuais, mas valia a pena tentar.
3 comentários:
E não só ...
Provavelmente será só uma declaração simpática, daquelas diversas e sortidas, para entremear c/ outras mais desagradáveis que virão a ser proferidas já de seguida, mas ...
"Mariano Gago defendeu ainda a aposta no reforço da acção social escolar, para "melhorar as condições de acesso dos estudantes com mais dificuldades económicas". O ministro assumiu também a intenção de consolidar "o sistema de empréstimos reembolsáveis em função do rendimento [dos alunos]". O Governo e a banca estão em negociações para pôr em prática esta medida já no próximo ano lectivo, friou o ministro."
Fica-lhe bem, ao Ministro, dizer isto.
E ficava-lhe bem, ao autor do blog, referir o resto das declarações.
Era só ver, p.ex., no Público.
Não havia necessidade.
Tem razão, meu caro anónimo, quanto ao facto de eu não citar as restantes declarações de Mariano Gago. As minhas desculpas. Mas penso que isso não altera mtº a questão de fundo, ou seja: então para quê não aumentar as propinas, se o acesso dos que não podem pagar fica assegurado? E, mais ainda, fica a pergunta de fundo: como se relacionam as "curvas" do valor das propinas e do acesso?
Cumprimentos
JC
Concordo também consigo.
As questões que levanta são de facto, do ponto de vista da população em geral, as questões de fundo.
Ou seja, o que importa saber é se esta medida:
- é avulsa ou,
- está inserida num conjunto de medidas, vulgo reforma, c/ pés e cabeça.
E ainda, neste último cenário, se estará o Ministro na posse de dados concretos sobre o seu impacto, ou se é apenas um feeling de que isso vai atrair mais alunos, objectivo que diz perseguir.
Mas há ainda o ponto de vista do governo, que faz das declarações dos ministros os meios de uma política de comunicação pª transmitir a imagem que convém no momento.
Gostava de acreditar que se estava mesmo a tratar só da educação e não da imagem de um executivo.
Gostava de acreditar na bondade das declarações e, por isso, não quiz ver deitar mais lenha na fogueira.
Mas, lamentavelmente, não uma pessoa de grande fé.
Cumprimentos
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