“Flags Of Our Fathers” é o menos interessante dos últimos Eastwood. Uma “desmontagem” sobre o modo como as sociedades (neste caso a americana) “fabricam” os seus heróis (e sobre o conceito de herói, ele mesmo), os usam e “descartam” de seguida. Nada disto é novo e a abordagem também não o é. De resto, estão lá os clichés todos: o “herói” que afinal nem participou (lembrei-me do “Liberty Valance” de Ford e Luís Miguel Oliveira, do “Público”, também – é sempre reconfortante estar em boas companhias), o índio “herói” (o único efectivamente combatente), o mais “puro” e “honesto de todos , claro, a sofrer de stress de guerra e a arrostar com o racismo da América dos forties, a “hipocrisia” e oportunismo dos políticos face a uma certa “simplicidade” de valores dos combatentes. A “estranheza” desses combatentes perante a face política e propagandística da guerra, como se temessem de antemão o terreno "minado" que pisam. Fundamentalmente, valem as cenas de guerra, em que já nada é o que era depois de Spielberg ter “desembarcado” em Omaha Beach, e o cinzento/negro das cinzas de Iwo Jima impregnando todas essas sequências como se fosse essa a cor da guerra. Uma certa decepção, portanto, porque de Eastwood se espera sempre o melhor. E é isso que espero de “Cartas de Iwo Jima”, coming soon to a theatre (ou theater, se preferirem) near you.
1 comentário:
a análise mais ou menos à lupa e sempre referencial com que se vê cinema sempre me "fascinou". É difícil encontrar análises despreocupadas como sejam "vi e gostei, fiquei bem disposto..." ou outras igualmente superficiais e relativas, mas indicativas de um estado de espírito mais ou menos evidente. Cinema será sempre para mim entretenimento e só depois qualquer coisa mais. É uma questão geracional talvez...
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