Os ex-alunos do Colégio Militar querem mesmo preservar a tradição, o que seria louvável enquanto simbolismo se a soubessem adaptar a novos tempos e tal servisse de referência histórica para as novas gerações, ou manter um reaccionário regime de "apartheid" do tipo "rapazes para um lado, raparigas para o outro" ou "elite para o ensino liceal do "Colégio" e "ralé" para o ensino técnico dos "Pupilos"? Nada de "misturas", não é? Bom, conhecendo gente do "núcleo duro" ligado a tal campanha, não me espanta um pouco dessa ideologia reaccionária (bem mais do que apenas conservadora, quero fazer justiça aos conservadores) possa estar presente em alguns, não todos, desses espíritos. Mas faço justiça de pensar que, nem todos partilhando dessa visão da sociedade e do mundo, a fusão dos institutos militares de ensino é bem mais o pretexto e a ocasião ideal para possibilitar uma maior afirmação, fortalecimento e capacidade de actuação de um "network", um lobby" na sociedade portuguesa cuja influência, com as mudanças na estrutura classista da instituição militar e no actual perfil dos alunos do "Colégio", estaria destinada ao declínio ou apenas à exibição sem consequências da "barretina" na lapela dos casacos. No fundo, parece-me ser esta a única explicação lógica que justifica ver alguma gente inteligente a colaborar em tal campanha.
8 comentários:
considero ao ler o seu post que não entendeu rigorosamente nada do que está em causa. Não está em causa apenas o ensino misto ou pelo menos não é a causa principal. Está em causa uma reforma do Colégio atabalhoada, à pressa , contra o estudo que o ministerio encomendou ao Professor Marçal Grilo que já se manifestou contra a reforma. Na realidade a causa dos antigos alunos pode parecer estranha aos olhos de quem não conhece a instituição, mas genuinamente é a defesa da identidade da instituição bicentenária que está em causa e o amor que nos une à mesma. Entendo, numa sociedade em que nem aos pais se agradece o que fazem pelos filhos, quanto mais à escola! Tudo o resto não passa de uma construção fantasiosa mas legitima porque cada um mesmo sem saber do que fala pode lançar facilmente um qualquer bitaite.
Melhores cumprimentos
João A.
Caro João A:
O que passa para a opinião pública é exactamente o que digo. Aliás, você confirma que o que está em causa "não é apenas o ensino misto", o que significa que esse mesmo ensino misto, tal como a fusão com os "Pupilos", tb o está, o que não posso aceitar. Se o que digo está errado, recomendo pois expliquem melhor a vossa posição à opinião pública.
Já agora: do meu lado materno, português, descendo de uma família de militares, alguns deles, incluindo um tio-avô, ex-alunos do CM. Respeito pois o Colégio e as suas tradições, mas não posso concordar com algumas das posições que defendem.
Cumprimentos
Procure por favor analisar o que tem sido dito e escrito pela associação antigos alunos. Em momento algum é dito ou escrito alguma coisa contra o ensino misto. Confesso que a minha opinião pessoal é pela liberdade de escolha, daí eu , repito eu sou adepto do ensino diferenciado sem qualquer tipo de dúvida. Em paises dov referido primeiro mundo é normalissimo e 80 das 100 melhores escolas são de ensino diferenciado. Qual o problema? quem não gosta pode optar por escolas mistas. Repare, se somos todos cidadãos de plenos direitos , porque é que a sua opinião prevalece sobre a minha? porque pode o senhor optar e bem pelo ensino misto público e a mim me é vedada essa possibilidade , ainda por cima por um governo que se apregoa de liberal , pela liberdade de escolha, o governo do cheque ensino! Não, isso não é ser liberal. Tanto preconceito ideológico porquê? Está mais que provado a vantagem do ensino diferenciado . Esta é a minha posição pessoal.
A posição da associação, peço que analise o que tem sido escrito e dito, não é contra essa possibilidade, é a favor sim do envolvimento da comunidade escolar! repare que todos os dias se escuta a importancia da participação de pais , escola , alunos no processo educativo e aqui não foi assim porquê? qual o motivo de exlusão dos pais e docentes deste processo? O senhor só se lembrou desse assunto devido ao artigo execrável de Berta Cabral , um artigo de baixo nível, nada a ver com o que está em cima da mesa. Porque não pode uma comunidade educativa por em causa uma rweforma absurda, mal pensada, mal planeada? o governo conduziu este processo de modo ruinoso, perfeitamente evitável. Acho que faz todo o sentidov esta reacção, quando o que está em causda é não o ensino misto , mas o desvirtuar duas instituições. É perfeitamente legitimo e bom que assim seja . Além disso acho crucial o papel destes colégios ao nivel da CPLP , cooperação com paises lusofonos, temos de fazer como os ingleses , americanos efranceses... como as vistas são demasiado curtas e somos governados por pessoas impreparadas para os cargos que ocupam. se assim não fosse a nossa situação era outra.
Cumprimentos
João A
Meu caro: Tive o cuidado de ler o mtº que está disponível na "internet", inclusivamente a petição e as posições da Associação de Antigos Alunos, e não retiro uma palavra ao que escrevi. E sabendo da importância do CM ao nível dos países lusófonos, não percebo porque esse papel não pode continuar a ser cumprido após a fusão. Quanto ao resto, isso já nos remete para uma discussão mais ampla sobre o ensino que nos levaria mtº longe. Devo no entanto dizer-lhe que embora seja de opinião a escola pública precise de ser reformada, dando maior autonomia às escola na organização,gestão e contratação de docentes (considero o actual sistema demasiado centralizado e para-estalinista), sou pelo ensino misto e não sou favorável ao cheque-ensino.
Cumprimentos e obrigado pelos seus comentários.
Pode ser pelo ensino misto à vontade, não o pode é impor a uma família ou muitas famílias que entendem as vantagens do ensino misto. Repito, conheço bem a posição da associação de antigos alunos e nao corresponde à sua interpretação. Pedir ponderação , sensatez, e reformas sem descaracterização não significa que se esteja contra bem pelo contrario. Sobre o modo autoritário desta reforma em que a comunidade escolar foi excluída , não li uma palavra sua sobre o assunto. Por certo achará bem . Inclusive os pais que investiram nestes projectos e os vêem agora frustrados. O papel junto dos países lusófonos pode nao ser conseguido se as escolas perderem o caracter que imprime em quem as frequenta. Se se tornar uma escola secundaria militar pode estar certo que não o farão . Disso tenho plena certeza. Todo um conjunto de tradições, valores e vivências que se podem perder. É isso que imprime o selo que perdura, quebrar o elo de ligação é perigoso para o cumprimento desse desígnio. Sei o que estou a escrever porque vivi e conheço a realidade. Conheço vários moçambicanos , angolanos, guinienses que ostentam com orgulho a barretina colegial nos seus países, orgulham -se de ter estudado nestas instituições e têm por Portugal um carinho muito grande. Desculpe a imodéstia, mas isso só é possível nestes colégios , ontem os laços sao fortíssimos para toda a vida. Os anglo saxonicos nao inventam e nao vão em experimentalismos. Nos ao contrario andamos a brincar com o ensino há 40 anos e a escola esta cada vez pior. Acreditar em reformas desta classe política é preciso ser muito crente quando temos assistido à gradual degradação de todos os sectores da nossa sociedade. Desafio-o a Dar- me um exemplo de uma reforma realizada nos últimos 10 ou 20 anos de que nos possamos orgulhar. Henrique MEdina Carreira , que os inteligentes se habituaram a nomear de velho do Restelo , nao falhou uma previsão. Pessoa experimentada, estudioso dos problemas, anteviu há muito o pântano para onde nos encaminham. Também ele é um defensor destes colégios . Também ele avisou que os abutres ... Estão aí...
O ensino universitário é outro escândalo . Não faltara muito para termos o pais cheio de faculdades vazias. Em nome de uma grande mentira , construíram -se faculdades por todo o país , politécnicos da idanha a Miranda do Douro... Agora estão vazios? Vão mante-los mesmo sem alunos? Que vão fazer ao edificado? Quem planeou esta vergonha? Quem é responsável ? Ninguém. Em vez de uma aposta seria nas universidades de qualidade, de um projecto de ensino superior com valor , foi-se pela via mais fácil ... Prova o que eu digo. Não há visao , nao existe planeamento , o barco vai à deriva há uns bons 25 anos . Não é só um problema de seriedade. É também muita impreparação para ocupar estes cargos de gestão do bem comum.
Além do mais caras sao as escolas que nao funcionam , onde professores sobrevivem com ajuda de fármacos e psiquiatras , os alunos se perpetuam indefinidamente , e o ambiente escolar é de violência atroz...e quem paga isso? Alguém se responsabiliza? O que sai mais caro? Um aluno nestes colégios com aproveitamento ou 100 que chumbam 4 e 5 anos sem qualquer retorno ou mais valia à comunidade? É preciso juízo num momento difícil onde os merceeiros tomaram conta do poder sem coragem, sim sem coragem para alterar o que está mal, vão arrasar e destruir escolas de sucesso. Se calhar têm razão . Nivela-se tudo por baixo , assim ficam todos iguais. A estupidez sim é uma despesa.
Esta discussão é bem o espelho da mediocridade da qual não conseguimos passar. É o moralista invejoso que não descansa enquanto não destruir tudo o que de bom conseguimos fazer.
Vamos longe...se a educação a serio é cara então vamos experimentar a ignorância. Cansado estou eu de contribuir para este ensino publico caduco , de 3 mundo , obsoleto . Definam-se. Se é para manter tudo como esta e destruir o que nos engrandece peço que paguem vos os espertos e livrem-me por favor dessa contribuição . A mesma que vocês nao querem pagar para as boas escolas.
1. Não e aqui ocasião de discutir o ensino de um modo geral. Podem encontrar neste "blog" vários "posts" exprimindo a minha opinião sobre o assunto. Por exemplo,aqui: http://eusouogatomaltes.blogspot.pt/search/label/Minist%C3%A9rio%20da%20Educa%C3%A7%C3%A3o Além disso não podemos misturar alhos c/ bugalhos" e o que estamos a discutir aqui e agora é o assunto CM.
2. O CM é um estabelecimento de ensino público. Compete pois ao Estado, representado pela AR e pelos governos que, bem ou mal, elegemos, definir o seu modelo. Claro que podemos discuti-lo e vocês têm todo o direito de afirmarem os vossos pontos de vista e exercerem as acções de "lobbying" que entenderem: nada contra. Não podem é impor os vossos pontos de vista à maioria, boa ou má, democraticamente eleita. e como felizmente vivemos num país onde existe liberdade de iniciativa e empresarial, podem sempre optar por fundar um ou vários colégios, civis ou militares,onde ponham em prática as vossas ideias e ideais. Certo?
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