"Lipstick On Your Collar", de Dennis Potter (1993)
“Lipstick On Your Collar” (de Dennis Potter, 1935-1994), título retirado de um êxito da americana Connie Francis, é seguramente uma das melhores séries de TV de sempre e, para mim, indiscutivelmente uma série de culto. Tal como nas outras séries de Potter, a música não se limita a sublinhar ou servir de contraponto à acção, nem tão pouco é, ou pretende ser, original; ela é, isso sim, elemento fundamental e central da própria acção. Mas, ao contrário do que acontece nos musicais, estamos aqui perante algo que os subverte, ou seja, estamos perante temas populares bem conhecidos interpretados por quem deles fez êxitos e “mimados” pelos actores .
É a Inglaterra (e a Londres, muito particularmente), dos anos cinquenta, vista e vivida através da música popular e do quotidiano de dois funcionários administrativos do "Foreign Office" durante a crise do Suez (segunda metade dos anos 50; mais propriamente, 1956), isto é, no estertor do Império quando se conclui que a Inglaterra já não tem capacidade para aventuras neo-coloniais e o mundo já não lhe pertence. Em certa medida, é o fim da mentalidade, usos e costumes herdados dos anos pré-guerra. É o fim de uma época e o início de outra que se aproxima, da "swinging London dos sixties", radicalmente diferente e revolucionária nos usos e costumes. Por alguma razão, e se estou bem lembrado, uma das últimas sequências da série é uma panorâmica sobre o "2I's Coffee Bar", no Soho, onde Cliff Richard, então o émulo britânico de Elvis Presley e ainda na sua fase "rock & roll", se deu a conhecer "à cidade e ao mundo". É o retrato de uma geração que, em certa medida, se descobriu, fez adulta e formou a sua personalidade através das novas formas da música popular e assim projectou a emancipação das gerações seguintes.
É a Inglaterra (e a Londres, muito particularmente), dos anos cinquenta, vista e vivida através da música popular e do quotidiano de dois funcionários administrativos do "Foreign Office" durante a crise do Suez (segunda metade dos anos 50; mais propriamente, 1956), isto é, no estertor do Império quando se conclui que a Inglaterra já não tem capacidade para aventuras neo-coloniais e o mundo já não lhe pertence. Em certa medida, é o fim da mentalidade, usos e costumes herdados dos anos pré-guerra. É o fim de uma época e o início de outra que se aproxima, da "swinging London dos sixties", radicalmente diferente e revolucionária nos usos e costumes. Por alguma razão, e se estou bem lembrado, uma das últimas sequências da série é uma panorâmica sobre o "2I's Coffee Bar", no Soho, onde Cliff Richard, então o émulo britânico de Elvis Presley e ainda na sua fase "rock & roll", se deu a conhecer "à cidade e ao mundo". É o retrato de uma geração que, em certa medida, se descobriu, fez adulta e formou a sua personalidade através das novas formas da música popular e assim projectou a emancipação das gerações seguintes.
É também a primeira aparição na TV de Ewan Mc Gregor, no papel do "Private" Mick Hopper, numa série que passou na RTP (na 2, salvo erro) nos anos 90." ("Gato Maltês" - 24 de Setembro de 2008).
Agora, finalmente, o "Gato Maltês" tem oportunidade de passar a série completa. Infelizmente, e ao contrário do que é habitual, sem legendas, mas a oportunidade não pode nem se deve perder.
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