Quero pensar - quero mesmo - que o apelo de Pedro Passos Coelho a uma "União Nacional" nada tem de desprezo pela democracia, de apelo ao esbatimento das naturais e saudáveis diferenças ideológicas e programáticas entre os portugueses. Quero pois acreditar nas convicções democráticas do primeiro-ministro e desta gente que nos governa, incluindo as do próprio Presidente da República. Quero acreditar, embora esteja longe de de assumir manifestações de fé e absolutas certezas.
Por isso mesmo, acho o que estas palavras de Passos Coelho denotam é uma enorme e escandalosa falta de conhecimentos e estudo da História das Ideias e de Cultura Política, o que não é exactamente o mesmo do que ter aprendido nas "jotas" os esgares da "petite politique", as "tricas" e a ciência das pequenas e saloias conspirações de poder das concelhias e distritais. Infelizmente, neste campo está o político de Massamá bem mal acompanhado, quer por gente da sua geração, dentro e fora do seu partido (Seguro navega nas mesmas águas), quer por gente, como Cavaco Silva, para quem esse tipo de leituras e aprendizagem deve constituir pouco menos do que um longo bocejo e enorme maçada. Se lhes juntarmos gente como Moedas e Borges, formados em escolas de excelência técnica mas onde se despreza a política ou esta passa muito ao largo, temos cozinhado o "caldo de cultura" que nos vai governando e mantendo à míngua. No fundo, talvez um curso parisiense de filosofia e ciência política não lhes fizesse assim tão mal.
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