Quem está preparado para governar não tem necessidade de o dizer; Passos Coelho e o PSD disseram-no e depois foi o que se viu. São os portugueses, os cidadãos eleitores, que terão concluir sobre quem está ou não preparado para tal através interpretação e análise do comportamento de políticos e partidos; do conteúdo das suas propostas e das perspectivas de governação que estes lhes possam ou não oferecer, numa determinada conjuntura. Acresce que fazer essa afirmação (como aconteceu hoje com Carlos Zorrinho, que nem sequer é o líder do partido) sem que exista qualquer indício o PS tenha até aqui conseguido mobilizar os portugueses em torno de uma alternativa clara ao actual executivo e no combate à sua política de "empobrecimento", sem que as sondagens sugiram o partido possa liderar uma alternativa de governo maioritária, sem que exista vislumbre de mudança na política europeia, assume o aspecto de pura bravata num momento em que a confiança nos políticos está perto do ponto zero e o país se encontra limitado por uma intervenção externa que tolhe a autonomia das suas instâncias dirigentes. Aliás, ter Carlos Zorrinho sentido a necessidade de fazer essa afirmação, colocando-se um pouco em "bicos de pés", constitui mesmo prova do bloqueio em que o país parece ter mergulhado, entre um governo e uma UE que apenas apresentam como solução o regresso a um passado de pobreza, uma esquerda radical e comunista que nunca fez, nem nunca fará, parte da solução e um Partido Socialista perdido no labirinto para o qual foi arrastado e de onde não consegue sair. Perante isto, e na perspectiva de umas eleições autárquicas que poderão constituir uma excelente oportunidade de afirmação para o PS, Zorrinho bem podia ter estado calado.
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