Mário Soares tem cometido nos últimos tempos demasiados erros políticos para alguém com o seu passado e a sua estatura de estadista, vidé as candidaturas ao Parlamento Europeu e à Presidência da República. Para além disso, sou de opinião se devia resguardar mais do espaço mediático, até porque, independentemente da razão que lhe possa assistir no conteúdo das suas intervenções públicas, o que é outro assunto que não cabe aqui discutir, acaba por se tornar repetitivo por todos conhecermos já a sua opinião, aliás relevante, concorde-se ou não, sobre o momento político presente, a nível internacional e internacional.
Tendo dito isto, pergunto-me porque Mário Soares, que dirigiu a luta contra a hegemonia do PCP e da esquerda radical durante o chamado PREC e foi o líder indiscutível da normalização democrática, mas hoje em dia, até em função de erros políticos recentes, com uma influência já limitada na sociedade portuguesa, acaba mesmo assim por gerar tantos ódios em alguns sectores da direita menos esclarecida e mais "trauliteira". Pondo de parte a questão da descolonização e das infundadas e ideologicamente primárias acusações que alguns sectores de ex-colonos africanos lhe dirigem, questões em fade out e que já muito pouco dirão a quem tem menos de sessenta anos, parece-me a explicação só pode residir no facto de Soares e o Partido Socialista, por si tanto tempo dirigido, terem sido, durante muito tempo, o principal obstáculo ao espírito "revanchista" dos vencidos do 25 de Abril, agora reavivado por um governo no qual, apesar de não ser "o seu", tendem a identificar alguns dos elementos da visão retrógrada que têm de e para o país. É isso que esses sectores não lhe perdoam, nem nunca lhe perdoarão. Pois por mim, apesar dos demasiados erros recentes que lhe reconheço, "que viva mil anos".
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