quinta-feira, dezembro 13, 2012

O programa político dos credores

Ora vamos lá ver para que não nos tomem por parvos... A recente decisão do governo em diminuir para doze dias por ano de trabalho a indemnização em caso de despedimento, com desprezo total pelo CES e recebida com a oposição das centrais sindicais e a indiferença das organizações patronais (e até mesmo um breve desabafo crítico por parte de João Vieira Lopes, da CCP), tal como quase todas as medidas mais ou menos recentes destinadas a reduzir o valor do trabalho e a aumentar a flexibilidade laboral, não se destinam, fundamentalmente, a aumentar a competitividade das empresas. Ninguém, no seu perfeito juízo, acha que o problema português de competitividade se resolve por via salarial. Na sua essência, elas têm como objectivo, isso sim, diminuir o nível da actividade económica através da redução do consumo interno (quem não tem trabalho ou se arrisca a ser despedido com uma baixa indemnização tende a poupar em vez de gastar e com a procura em queda e a incerteza futura nenhum empresário pensa em investir) e, assim, a baixar o volume das importações, reduzindo o "déficit" externo, evitando o crescimento da dívida e facilitando o seu pagamento. É a isto (redução do nível de actividade e equilíbrio das contas externas, "custe o que custar"), a este verdadeiro programa político dos credores, que o governo e a "troika" se referem quando falam no "empobrecimento" e no "sucesso" do "reajustamento", mas para tal se tornar sustentável será necessário que o que agora pode ser interpretado como conjuntural se torne estrutural, isto é, que o "empobrecimento" tenha vindo para ficar e o crescimento se faça por via das exportações e sem que isso tenha como consequência uma pressão inflacionista sobre os salários. Estamos entendidos e sabemos o que nos espera?

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC

Nem mais.
Os portugueses devem começar de imediato a consumir café...para ver se acordam.

Cumprimentos

JC disse...

:-)