Nos primeiros anos da democracia, um dos principais activos do então PPD era a qualidade dos seus quadros, muitos vindos da gestão das empresas (empresas "à séria" e não as "Tecnoformas" deste mundo) e dos grandes grupos económicos de então e outros com experiência política adquirida nas "margens" da ditadura ("ala liberal", por exemplo) ou em organizações "para-legais" de índole tecnocrática ou católica. O contraste com o PS era notório, já que a experiência política dos principais quadros socialistas se limitava à militância na oposição democrática e a grande maioria provinha de profissões liberais como a advocacia, que não tinha as características empresariais de hoje. Lembrei-me disto ontem ao ver a deprimente prestação televisiva da deputada Teresa Leal Coelho (PSD) perante aquele que se revelou talvez o melhor e mais preparado político socialista da era José Sócrates, Pedro Silva Pereira. Se a desqualificação do pessoal político atingiu um pouco todos os partidos, passada, pela marcha do tempo e pelo afastamento voluntário de muitos deles, a época dos fundadores e primeiros dirigentes do PSD, será caso para dizer que terá sido este o partido que mais sofreu, na qualidade dos seus quadros e dirigentes, da erosão do tempo, circunstância à qual o dinheiro fácil e a promoção da sociedade emergente dos tempos do "cavaquismo" não terão sido alheias. Pena que o actual PS de António José Seguro pareça estar já a sofrer do mesmo mal.
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