Habituei-me desde muito cedo, na minha vida profissional, a trabalhar “through deadlines” (é assim que se diz em linguagem de gestão), isto é, a cumprir escrupulosamente os prazos acordados num qualquer projecto ou trabalho. Muito simples: tive a sorte de trabalhar durante mais de ¾ dessa vida profissional em empresas multinacionais, em funções de “middle” e “top management”, e nessas empresas, com sede algures nos USA, Londres ou Madrid e subsidiárias um pouco por todo o mundo, qualquer atraso de horas na apresentação de um “budget”, de um “business plan” ou “marketing plan”, por parte de um dos seus escritórios locais, significa deixar “pendurada” toda a consolidação do negócio e planeamento da companhia a nível mundial, com eventual risco de perda de milhões de dólares ou euros. Impensável de acontecer, pois, excepto em caso de força maior (“force majeure”) idêntico aos que estão contemplados nas apólices de seguros: incêndio ou inundação graves, terramoto, revolução, etc, etc. Alguém adoece? Desde que não seja demasiado grave, vai trabalhar com febre e tudo, ou alguém do grupo dá uma ajuda. Um problema inesperado? Nada que uns fins de semana, uma noitadas de trabalho ou duas noites sem ir à cama não resolvam. É mesmo assim: prazos são para se cumprir e pronto!
De que vem isto a propósito? Dos sucessivos adiamentos da entrega e publicação do acordão do caso Casa Pia, claro. É que independentemente do desrespeito que o tribunal demonstra pelo Estado de Direito Democrático, pelos direitos de arguidos e vítimas e por todos os cidadãos em geral (dada a natureza do processo), enfim, pelos direitos, liberdades e garantias, está a dar, enquanto orgão de soberania da República e principalmente tratando-se de um tribunal ao qual seriedade e o rigor deviam estar sempre associados, um péssimo exemplo de funcionamento a empresas, instituições e cidadãos deste país, definindo parâmetros diametralmente opostos àqueles que deveriam ser os correctos. Apenas me ocorre uma palavra: lamentável...
De que vem isto a propósito? Dos sucessivos adiamentos da entrega e publicação do acordão do caso Casa Pia, claro. É que independentemente do desrespeito que o tribunal demonstra pelo Estado de Direito Democrático, pelos direitos de arguidos e vítimas e por todos os cidadãos em geral (dada a natureza do processo), enfim, pelos direitos, liberdades e garantias, está a dar, enquanto orgão de soberania da República e principalmente tratando-se de um tribunal ao qual seriedade e o rigor deviam estar sempre associados, um péssimo exemplo de funcionamento a empresas, instituições e cidadãos deste país, definindo parâmetros diametralmente opostos àqueles que deveriam ser os correctos. Apenas me ocorre uma palavra: lamentável...
3 comentários:
Caro JC,
Concordo com a ideia com uma pequena ou grande agravante:
. não tratamos de "plans" em curso e que pretendemos terminados em certa altura.
. bastava ter tudo pronto ler a ***** da súmula, depositar o acordão e disponibiliza-lo a quem de direito.
Porque insistimos sempre em fazer tudo "à trosca mosca" se era tão fácil fazer tudo correctamente, com segurança e sem margem para dúvidas e suspeições.
Cumprimentos
Que quer que lhe diga mais? Tem toda a razão no que diz, o que torna tudo ainda mais incompreensível. Até pq se o problema é omitir os tais nomes das vítimas (foi a justificação dada),hoje em dia, com os meios informáticos, isso é mtº mais fácil. Já sei: se calhar faltaram os cordéis para atar os processos!
A culpa "é da informática", tal como a culpa do trágico acidente de Marrocos foi da "chuva".
Infelizmente este exemplo dos atrasos e adiamentos da publicação do acordão não é único. Depois querem que nos levem a sério e considerem europeus !!!
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