"Tex-Mex" (I)
Território espanhol até 1821, mexicano durante os anos seguintes, república independente entre 1836 e 1845, habitado por texanos e tejanos (existiam tejanos entre os defensores de um Texas independente, inclusivamente entre os mártires de Álamo), não admira que o Texas, estado da União a partir deste último ano, reflicta na sua cultura este “melting pot” latino, anglo-saxónico e germânico (muitos dos seus habitantes têm antepassados alemães). “Chili com carne”, “tacos”, pimientos rellenos”? Claro que sim, mas também na música popular e, especificamente, no “rock & roll”, que é o que vem aqui ao caso, essa miscegenação se faz sentir.
E quando falamos de “tex-mex” rock & roll dois nomes surgem de imediato de forma expontânea, embora um deles talvez mais conhecido do que outro, pelo menos aqui no rectângulo e no que aos sixties diz respeito: Doug Sham e o seu Sir Douglas Quintet, velhos conhecidos dos incondicionais do “Em Órbita” (não me lembro de os ouvir regularmente elsewhere), e Sam the Sham & The Pharaohs, estes, estou certo, mais populares por via do seu super-hiper divulgado em Portugal “Wooly Bully”. Por mim, devo dizer preferir, de longe, Doug e o seu Sir Douglas Quintet, talvez pela sua sonoridade bem mais complexa (uns laivos de Zydeco?); talvez, também, pela novidade que tal som constituiu da primeira vez que o ouvi anunciado por Cândido Mota; talvez, ainda, pela proeminência dada ao orgão de Augie Meyers, algo – acho – ainda pouco visto no ""rock americanos e muito importado de grupos da “british invasion” (estávamos em 1965) com origem no “Rhythm & Blues”, tais como os Animals (e principalmente Alan Price), Spencer Davies Group e Them. Aliás, também o "look" do grupo era, de certo modo, inspirado nos grupos "mod" britânicos...
Bom, e por onde começamos? Justamente por aquele que é considerado o melhor tema de sempre da música popular do Texas e constituiu o primeiro êxito do grupo: “She’s About A Mover”, um tema de 1965 e que bem prova a referência que fiz ao orgão de Augie Meyers. Ora oiçam!... (ou será “oição” como cantava o Eduardo Nascimento?).
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