segunda-feira, setembro 20, 2010

A "Conversa em Família" de Isabel Alçada e o comportamento dos "media"

Exemplo elucidativo de um certo comportamento da comunicação social, em Portugal, é o tratamento dado à “Conversa em Família” da ministra Isabel Alçada. Trata-se, claro está, de uma peça que demonstra uma total inépcia política e comunicacional por parte da ministra e do ministério, que chega mesmo a ser ridícula, mas, simultaneamente, não passa de um “fait divers” que pouco mais teria direito a merecer do que uma notícia no dia seguinte àquele em que foi emitida e ½ página de galhofa no “Inimigo Público” ou no “Eixo do Mal”, os locais apropriados a tal tratamento.

No entanto, o assunto tem servido para demonstrar aquilo a que chamaria o comportamento “copycat” da comunicação social - “blogs” incluídos - e que se exprime, simultaneamente, em três planos: uma permanência, em termos de tempo, muito para além do justificável para um “fait divers” em praticamente todos os meios; um tratamento idêntico em todos eles em termos de opinião expressa, tratamento este muito influenciado pelas caixas de comentários de “blogs” e “media” electrónicos o que demonstra o “efeito totalitário” perverso que a democracia mediática pode, por vezes, trazer consigo; e um efeito de apagamento da memória, omitindo sistematicamente esses mesmos “media” o papel por si desempenhado no passado e a contribuição negativa, influência e responsabilidade que essas análises e opiniões terão tido para a situação que agora criticam.

Este último efeito – de apagamento de memória – é mesmo extremamente evidente no caso da tal “conversa em família” da ministra Isabel Alçada, omitindo os “media”, nas suas análises, o papel por si próprios desempenhado, e que muito terá contribuído para o actual estado de coisas, no afastamento de uma ministra (Mª de Lurdes Rodrigues) que, mesmo cometendo alguns erros, era portadora de uma ideia política para a educação e a sua substituição por uma outra (Isabel Alçada) que pouco mais será do que uma profissional de relações públicas colocada no cargo para “pacificar” o sector, ou seja, para ceder, no essencial, aos interesses instalados.

Talvez seja tempo, pois, de, a esses mesmos "media", lhes reavivar a memória....

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