quarta-feira, julho 21, 2010

O semi-presidencialismo francês e a sua génese

Para aqueles que acham ser a constituição francesa - semi-presidencialista - um exemplo a seguir (é o caso de António Capucho), lembro, uma vez mais, que a sua génese radica nos antípodas daquilo que deve ser uma democracia moderna e tem sido a tradição parlamentar europeia. A constituição francesa de 1958 (V República) nasce de um apelo messiânico a um caudilhismo “gaullista” numa França em crise política profunda motivada pelo conflito colonial argelino, em perigo de golpe de estado e à beira de uma guerra civil. Acham existe alguma semelhança?

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC

A sua análise bate certo com esta metafórica canção dos idos de 70, talvez a "chanson française" no seu melhor, que nos fala das cinco repúblicas ( atente-s,e pricipalmente, aos quatro últimos versos ).

Michel Delpech - Que Marianne Était Jolie :


Elle est née dans le Paris 1790
Comme une rose épanouie
Au jardin des fleurs de lys.
Marianne a cinq enfants
Qu'elle élève de son mieux
Marianne à maintenant
Quelques rides au coin des yeux.

Refrão:
Dieu ! Mais que Marianne était jolie
Quand ell' marchait dans les rues de Paris
En chantant à pleine voix
Ça ira ça ira... toute la vie.
Dieu ! Mais que Marianne était jolie
Quand elle embrasait le c?ur de Paris
En criant dessus les toits :
Ça ira ! ça ira ! toute la vie.

Il n'y a pas si longtemps
Que l'on se battait pour elle
Et j'ai connu des printemps
Qui brillaient sous son soleil.
Marianne à cinq enfants,
Quatre fils qu'elle a perdus
Le cinquième à présent
Qu'elle ne reconnaît plus.

JR

JC disse...

E conhece a canção do tempo da evolução francesa que ele cita? "Ah ça ira, ça ira, les aristocrates á la lanterne"...

Anónimo disse...

"...Ah ! ça ira, ça ira, ça ira,
Les aristocrates à la lanterne ;
Ah ! ça ira, ça ira, ça ira,
Les aristocrates on les pendra ;
Et quand on les aura tous pendus,
On leur fichera la pelle au c.."


C'est la Revolution!

Uma invenção francesa que acabaria por degenerar em ditaduras de terror, como a de Robespierre, e ainda haveria de gerar um imperador, Napoleão, que viria a colocar sob o seu jugo quase toda a Europa, e tanto sofrimento ou perdas traria a Portugal.

Aprecio muito mais a transição anglo-saxónica desde João-Sem- Terra e os "Bill of Rights", e "en passant" a independência americana, ambas que, sem grandes violências ou terror, acabariam por ditar, o fim do "ancien regime".

As "luzes" francesas iluminaram melhor a América que a própria França, mantendo aquela a mesma Constituição original (embora com muitos "amendments". Por sinal, de matriz presidencial.

Mas, como muito bem explicou JC num anterior post , a matriz presidencial justifica-se em estados federais saídos da descolonização.

JR