Quem, como acontece comigo, tenha tido a oportunidade de conhecer algumas das dezenas de escolas de futebol existentes por esse país fora e onde crianças, a partir dos 5/6 anos e equipadas a rigor (chuteiras, caneleiras e tudo isso), jogam futebol em relvados sintéticos percebe como e porque o futebol mudou. Quem, como acontece comigo, por ligações familiares e/ou de amizade tem oportunidade de acompanhar alguns jogos e torneios onde equipas dessas escolas participam percebe melhor o que está na base dessa mudança. Aí, nessas equipas e nesse futebol e sob a direcção de um treinador, aprende-se desde muito cedo como se joga integrado numa equipa estruturada, como cada elemento e a própria equipa se devem posicionar nas várias situações de jogo, qual a função de cada um dentro da equipa e quais o movimentos colectivos que essa mesma equipa deve realizar. Aprende-se também a conhecer o adversário e as suas movimentações, a corrigir defeitos e a potenciar qualidades. Este futebol, onde cada criança é também um aluno, onde a iniciativa individual é coordenada com o colectivo, substituiu o futebol de rua, “o do muda aos cinco e acaba aos dez”, onde o “mais habilidoso”, o primeiro a ser escolhido, quase era suficiente para, por si só, ganhar um jogo e onde todos corriam para onde ia a bola.
O reflexo dessa base de aprendizagem pôde ver-se neste Mundial no futebol mais colectivo praticado pelas principais equipas, no apagamento do “craque” que por si só quase tudo costumava decidir, no equilíbrio defesa/ataque de equipas como a Alemanha, a Holanda e a Espanha, no fim do futebol-samba e nos diferentes princípios de jogo que o Brasil tem vindo, cada vez mais, a apresentar desde os nos 90 do século passado (antes de 94, com o tal futebol-samba, esteve 24 anos sem nada ganhar). Penso que a melhor prova do que afirmo é o contraste entre o futebol acéfalo e desequilibrado da Argentina, de um Maradona que terá sido talvez o último e, simultaneamente, o máximo expoente do futebol de rua, e o modelo de uma selecção de Espanha paradigma do novo futebol com escola, onde o equilíbrio entre o colectivismo e a iniciativa individual, a racionalidade e o improviso quanto baste, a defesa e o ataque (como raramente perde a bola e os seus jogadores não entram em correrias a equipa quase nunca se desposiciona defensivamente), atinge a quase perfeição.
Tenho visto e lido por aí que o eclipse do “craque” individualista, à Maradona, tem a ver com o facto das equipas jogarem “à defesa”. É apenas meia verdade. As equipas defendem melhor porque os seus jogadores, na sua maioria, já não aprenderam no futebol de rua, onde o colectivo e as preocupações defensivas são inexistentes. E o eclipse do “craque” tem a ver com duas questões muito simples: aprendem mais cedo os movimentos da equipa e o modo como nela integrar as suas acções, rentabilizando-as, e também desde muito cedo vêm ser corrigidos os seus excessos por equipas que, fruto de movimentos aprendidos quase desde o berço, cada vez menos se desequilibram defensivamente. Por mim, que não sou saudosista e sempre preferi Bobby Charlton a Maradona (desculpem a heresia), o Ajax de Johan Cruyff ao tão insensado Brasil de 82, e apesar de não ser um incondicional do “tiqui taca” e preferir o, quanto a mim, futebol mais entusiasmante e menos monocórdico de uma Alemanha de Müller, o futebol é hoje em dia um jogo muito mais evoluído técnica e tacticamente e, por isso mesmo, também bem mais aliciante.
O reflexo dessa base de aprendizagem pôde ver-se neste Mundial no futebol mais colectivo praticado pelas principais equipas, no apagamento do “craque” que por si só quase tudo costumava decidir, no equilíbrio defesa/ataque de equipas como a Alemanha, a Holanda e a Espanha, no fim do futebol-samba e nos diferentes princípios de jogo que o Brasil tem vindo, cada vez mais, a apresentar desde os nos 90 do século passado (antes de 94, com o tal futebol-samba, esteve 24 anos sem nada ganhar). Penso que a melhor prova do que afirmo é o contraste entre o futebol acéfalo e desequilibrado da Argentina, de um Maradona que terá sido talvez o último e, simultaneamente, o máximo expoente do futebol de rua, e o modelo de uma selecção de Espanha paradigma do novo futebol com escola, onde o equilíbrio entre o colectivismo e a iniciativa individual, a racionalidade e o improviso quanto baste, a defesa e o ataque (como raramente perde a bola e os seus jogadores não entram em correrias a equipa quase nunca se desposiciona defensivamente), atinge a quase perfeição.
Tenho visto e lido por aí que o eclipse do “craque” individualista, à Maradona, tem a ver com o facto das equipas jogarem “à defesa”. É apenas meia verdade. As equipas defendem melhor porque os seus jogadores, na sua maioria, já não aprenderam no futebol de rua, onde o colectivo e as preocupações defensivas são inexistentes. E o eclipse do “craque” tem a ver com duas questões muito simples: aprendem mais cedo os movimentos da equipa e o modo como nela integrar as suas acções, rentabilizando-as, e também desde muito cedo vêm ser corrigidos os seus excessos por equipas que, fruto de movimentos aprendidos quase desde o berço, cada vez menos se desequilibram defensivamente. Por mim, que não sou saudosista e sempre preferi Bobby Charlton a Maradona (desculpem a heresia), o Ajax de Johan Cruyff ao tão insensado Brasil de 82, e apesar de não ser um incondicional do “tiqui taca” e preferir o, quanto a mim, futebol mais entusiasmante e menos monocórdico de uma Alemanha de Müller, o futebol é hoje em dia um jogo muito mais evoluído técnica e tacticamente e, por isso mesmo, também bem mais aliciante.
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