O comentário político de ontem de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a proposta de revisão constitucional apresentada por Pedro Passos Coelho constitui um bom exemplo dos vícios de que normalmente enfermam as suas intervenções enquanto analista político.
- Em primeiro lugar, tudo se resume demasiado à espuma dos dias e dos acontecimentos; tudo é demasiado conjuntural e apenas analisado numa questão de oportunidade, numa óptica de curto-prazo. O reforço dos poderes presidenciais, no sentido proposto por PPC, empobrece ou enriquece a democracia? Que repercussões tem no equilíbrio de poderes, na vida partidária, na importância da AR? Que reflexos pode ter no funcionamento do aparelho de estado, nas estruturas sociais, no modelo de sociedade e no seu funcionamento? Aproxima-nos ou afasta-nos das outras democracias europeias? Não importa: é apenas uma questão de “timing” e oportunidade.
- Em segundo lugar enferma dos vícios de quem tem uma agenda política própria, de quem é e continua a ser, acima de tudo, um político no activo. Neste caso, um “cavaquista” confesso dando conselhos a PPC em função desse seu posicionamento político e dos pressupostos que poderão vir a facilitar a reeleição de Cavaco Silva.
Mas ninguém poderia esperar outra coisa, pois não? É um género de “a política contada às crianças e ensinada ao povo”...
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