Ontem à noite, na SIC Notícias, Nicolau Santos salientava a injustiça que, segundo ele, constituía o facto de os cidadãos com maiores rendimentos acabarem por pagar duplamente saúde e educação: através dos seus impostos e dos custos de acesso ao ensino e cuidados de saúde privados, a que maioritariamente recorriam. Esquece, ou omite, Nicolau Santos alguns factos, como veremos de seguida.
- Em primeiro lugar, que os impostos têm uma função redistributiva, isto é, quando cada cidadão os paga não está apenas a financiar os serviços públicos a que, em média, se espera que aceda ao longo da sua vida, mas os de toda a sociedade e, principalmente, daqueles que auferem menores rendimentos e, por isso mesmo, com pouco ou nada podem contribuir para esse mesmo financiamento. É uma questão de solidariedade nacional.
- Em segundo lugar, que todos podem aceder aos serviços públicos disponibilizados, em iguais circunstâncias, e que preferir os serviços privados é apenas uma questão de opção, aliás legítima numa sociedade democrática e baseada na livre iniciativa. Pois, dir-me-ão, mas o ensino público e os cuidados de saúde disponibilizados pelo Estado são genericamente deficientes. Bom, essa está longe de ser uma verdade universal e insofismável, dependendo das circunstâncias: eu próprio, consoante essas mesmas circunstâncias, já recorri a ambos na educação dos meus filhos e nas poucas vezes em que, felizmente, tenho necessitado de alguns (também poucos) cuidados de saúde. Mas um outro exemplo. O Estado – e muito bem - subsidia largamente os transportes públicos com o dinheiro dos impostos de todos os portugueses. No entanto, um número significativo, senão mesmo uma maioria destes, desloca-se com frequência, na sua liberdade de escolha, utilizando transporte próprio privado. Alguém se lembra - Nicolau Santos, por exemplo - de aplicar aqui a mesma lógica? Claro que não, porque os transportes públicos, ao contrário do que sucede com o ensino e a saúde, não são (ainda?) sectores atractivos para o investimento privado.
- Mas ainda há mais... Partindo do principio - absurdo - de que o ensino público e os cuidados de saúde prestados pelo Estado são sempre, em quaisquer circunstâncias, maus ou, no mínimo, deficientes (já vimos que nem sempre isto corresponde à verdade), porque será que os sectores políticos onde Nicolau Santos se integra - aliás, numa espúria aliança com os "idiotas úteis" do PCP e BE - se revelaram sempre tão diligentes no ataque a quem, nos últimos anos, mais pugnou pela sua melhoria efectiva, reformando-os, racionalizando-os, reorganizando-os e libertando-os de custos excessivos e desnecessários? Sim, estou a falar de Correia de Campos e Maria de Lurdes Rodrigues, e a partir de agora talvez tudo fique bem mais claro.
4 comentários:
Não fica não JC.
Quer ouvir outra da lógica do Nicolau Santos?
"Como é que a senhora fala tão bem português"!!!
Resposta adequada seria: "É verdade, bem melhor do que você"!!!
AHAHAHAHAHAH!!!!
Havia de ver a cara dele a olhar para mim , de papillon, foi de ir às lágrimas :-)))
Talvez um titulo mais apropriado para o post seja:
"Onde se demonstra que Nicolau Santos é um batata..."
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