quarta-feira, julho 21, 2010

Onde se demonstra que a lógica de Nicolau Santos é uma batata...

Ontem à noite, na SIC Notícias, Nicolau Santos salientava a injustiça que, segundo ele, constituía o facto de os cidadãos com maiores rendimentos acabarem por pagar duplamente saúde e educação: através dos seus impostos e dos custos de acesso ao ensino e cuidados de saúde privados, a que maioritariamente recorriam. Esquece, ou omite, Nicolau Santos alguns factos, como veremos de seguida.

  1. Em primeiro lugar, que os impostos têm uma função redistributiva, isto é, quando cada cidadão os paga não está apenas a financiar os serviços públicos a que, em média, se espera que aceda ao longo da sua vida, mas os de toda a sociedade e, principalmente, daqueles que auferem menores rendimentos e, por isso mesmo, com pouco ou nada podem contribuir para esse mesmo financiamento. É uma questão de solidariedade nacional.
  2. Em segundo lugar, que todos podem aceder aos serviços públicos disponibilizados, em iguais circunstâncias, e que preferir os serviços privados é apenas uma questão de opção, aliás legítima numa sociedade democrática e baseada na livre iniciativa. Pois, dir-me-ão, mas o ensino público e os cuidados de saúde disponibilizados pelo Estado são genericamente deficientes. Bom, essa está longe de ser uma verdade universal e insofismável, dependendo das circunstâncias: eu próprio, consoante essas mesmas circunstâncias, já recorri a ambos na educação dos meus filhos e nas poucas vezes em que, felizmente, tenho necessitado de alguns (também poucos) cuidados de saúde. Mas um outro exemplo. O Estado – e muito bem - subsidia largamente os transportes públicos com o dinheiro dos impostos de todos os portugueses. No entanto, um número significativo, senão mesmo uma maioria destes, desloca-se com frequência, na sua liberdade de escolha, utilizando transporte próprio privado. Alguém se lembra - Nicolau Santos, por exemplo - de aplicar aqui a mesma lógica? Claro que não, porque os transportes públicos, ao contrário do que sucede com o ensino e a saúde, não são (ainda?) sectores atractivos para o investimento privado.
  3. Mas ainda há mais... Partindo do principio - absurdo - de que o ensino público e os cuidados de saúde prestados pelo Estado são sempre, em quaisquer circunstâncias, maus ou, no mínimo, deficientes (já vimos que nem sempre isto corresponde à verdade), porque será que os sectores políticos onde Nicolau Santos se integra - aliás, numa espúria aliança com os "idiotas úteis" do PCP e BE - se revelaram sempre tão diligentes no ataque a quem, nos últimos anos, mais pugnou pela sua melhoria efectiva, reformando-os, racionalizando-os, reorganizando-os e libertando-os de custos excessivos e desnecessários? Sim, estou a falar de Correia de Campos e Maria de Lurdes Rodrigues, e a partir de agora talvez tudo fique bem mais claro.

4 comentários:

Karocha disse...

Não fica não JC.
Quer ouvir outra da lógica do Nicolau Santos?
"Como é que a senhora fala tão bem português"!!!

JC disse...

Resposta adequada seria: "É verdade, bem melhor do que você"!!!

Karocha disse...

AHAHAHAHAHAH!!!!

Havia de ver a cara dele a olhar para mim , de papillon, foi de ir às lágrimas :-)))

Anónimo disse...

Talvez um titulo mais apropriado para o post seja:
"Onde se demonstra que Nicolau Santos é um batata..."