terça-feira, março 11, 2014

O "manifesto", o governo e Belém

O que o manifesto pedindo a reestruturação da dívida vem provar (independentemente da opinião sobre o assunto que cada um possa ter) é que, não sendo possível (nem desejável, acrescento) o tal "amplo consenso" sobre a actual governação, o que, a acontecer, transformaria a democracia numa caricatura ou numa ditadura mal disfarçada, são possíveis compromissos (a palavra parece-me menos "pantanosa" do que consensos) amplos, a cada momento, sobre questões políticas e de governação específicas e muito bem definidas. Aliás, como sempre foram durante a democracia. Claro que essa possibilidade prova também duas coisas: 
  1. Que é o governo, com o seu radicalismo ideológico e enquanto representante de facto dos credores (um género de governo de Vichy adaptado aos tempos e às circunstâncias), o principal responsável pela inviabilização de tais compromissos. 
  2. Que o Presidente da República, em vez de procurar o tal "amplo consenso", aparentemente em termos gerais e abstractos mas que significaria de facto uma caução à actual governação, deveria, isso sim, pôr o seu foco, a cada momento, na obtenção de compromissos sobre questões mais concretas e bem definidas. Mas para isso, claro, os portugueses teriam que ter na Presidência da República alguém com muito maior saber, sensibilidade e tacto políticos. Terem eleito Cavaco Silva faz parte do seu drama.

Sem comentários: