No dia seguinte à derrota do FCP com o Estoril (0-1), escrevi o seguinte neste "blog":
Poderia - e deveria - ter acrescentado que na base daquilo que poderíamos chamar "a conquista do poder" pelo FCP está a inflexão a norte do poder político e económico no período pós-25 de Abril de 1974 e que o "músculo" financeiro adquirido pelo FCP nos últimos anos, que lhe permitiu descolar dos seus rivais em termos orçamentais, só foi tornado possível pela participação constante na Champions League e pelos bons resultados nela alcançados, fruto da hegemonia conseguida a nível interno.
Ora baseando-me no racional apresentado nos dois parágrafos anteriores e no facto da crise económica e financeira do país dificultar um maior endividamento dos clubes bem como a captação de receitas adicionais, o que vai dificultar - e muito - que os clubes portugueses consigam alcançar bons resultados na Champions League; tendo também em atenção que nas duas últimas épocas o FCP só conseguiu ser campeão por enorme demérito do SLB, pergunto-me se estamos apenas perante mais um caso Octávio Machado, Quinito, Del Neri e etc, ou se a crise do FCP não terá características mais estruturais, que obrigarão o clube nos próximos anos à perda da sua hegemonia e a uma subsequente maior partilha do poder e de títulos para os seus dois rivais de Lisboa.
Mais do que centrar a análise da crise do FCP em Paulo Fonseca (o FCP já foi campeão com treinadores género Rato Mickey), no facto de terem existido erros na construção do plantel (e eles terão existido, mas serão assim tanto uma novidade?), em mitos, como a "estrutura", criados por uma comunicação social "atenta, veneradora e obrigada", na alegada geriatria de Pinto da Costa, há que ir um pouco mais longe e pensar se e de que modo os alicerces sobre os quais se edificou a hegemonia do clube das Antas continuam sólidos e válidos. Mais um vez, pelo que acima descrevo (a que poderia juntar exemplos como a condenação de jogadores do clube no caso do "túnel" e o desgaste causado na sua imagem e nos seus apoios políticos e económicos pela divulgação do "apito dourado"), quer-me parecer que não. É que se nenhum poder é eterno, aquele que depende menos de si próprio e mais de factores externos que se vão modificando ao longo do tempo pode torná-lo demasiado vulnerável.
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