Nunca, em Portugal, e desde que existem eleições para o Parlamento Europeu, as questões europeias se terão confundido tanto com as questões internas ou, pelo menos de forma tão aguda, as questões europeias terão sido percebidas pelos cidadãos como influenciando tanto a sua vida no dia a dia e o seu futuro. Por isso mesmo, discutir, durante a campanha eleitoral, as questões do "empobrecimento", da dívida, dos cortes salariais e das pensões, do euro, da competitividade das empresas, do emprego, da educação e da saúde e, para usar as expressões da moda, do pós-troika e dos possíveis compromissos entre quem e em torno de quê, significa também discutir o presente e o futuro da Europa e dos seus Estados-Membros no que isso tem de mais importante e em torno daquilo que mais importa: a Europa do bem-estar, da civilização, da democracia, da liberdade e dos cidadãos. E se é em torno destas questões que o debate europeu se deve centrar em Portugal, então temos forçosamente que concluir, ao contrário do que disseram o governo e seus propagandistas, da extrema oportunidade do aparecimento e divulgação do Manifesto dos 70 sobre a reestruturação da dívida, agora complementado com a adesão de várias personalidades estrangeiras. Em vez do silêncio imposto, ao mau e velho estilo "a pátria não se discute", temos aqui, num tempo que dificilmente poderia ser mais ajustado, um enorme e inicial contributo para a discussão política durante a campanha eleitoral. Infelizmente, perante alguma falta de comparência do PS quando da divulgação do Manifesto, pelo fogo de barragem vindo nessa mesma altura do lado das "tropas" governamentais e pelo pontapé de saída dado pelos palavrosos líderes das candidaturas do PS e da coligação PSD/CDS, que, ao contrário do que para aí li e ouvi, sempre achei péssimas escolhas, não me parece a oportunidade venha a ser completamente aproveitada.
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