Podemos achar que as forças de segurança têm toda a razão nos seus protestos. Podemos também ser de opinião - todos nós, os que não simpatizamos com o actual governo e nos opomos à sua política de terceiro-mundização do país - que nada melhor do que uma grande manifestação das forças de segurança para assustar o governo e o fazer recuar em algumas das suas medidas mais gravosas (e estúpidas) - e as polícias têm todo o direito a demonstrarem a sua indignação. Podemos achar tudo isso, mas ouvir essas mesmas forças de segurança de um Estado Democrático afirmarem, pela boca de um seu dirigente sindical, "eles podem estar no poder mas nós somos o poder" é intolerável e inaceitável. É que eu sou dos que pensam, ao contrário dos muitos que se prestam, por exemplo, a apoiar sem reservas aquela perigosa salganhada da Praça da Independência de Kiev só porque lutam contra Putin (um safado, sem qualquer margem para dúvidas), que na luta política ainda não vale tudo.
E, já agora, para além de aproveitar para informar os sindicatos das polícias que nas democracias o poder reside no povo, e não em quem tem armas, convém também alertar o governo para que não pode daqui lavar as suas mãos: ter deixado o seu relacionamento com as forças de segurança chegar a este estado de quase total desagregação e indisciplina é igualmente intolerável e inaceitável, pelo que os ministros Macedo e Aguiar-Branco (este, com ou sem hífen) devem por esse estado de coisas prestar urgentemente contas aos portugueses no local próprio para tal, isto é, na Assembleia da República. E devia ser já amanhã.
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