Está errado José Sócrates ter sido confrontado sem aviso prévio com uma alteração qualitativa do seu espaço de comentário político (ou "tempo de antena", mais propriamente) na RTP1? Sim, claro, tal como aconteceria com qualquer outro participante em programa televisivo ou radiofónico, fosse ele político, cultural, desportivo, de entretenimento, etc. É desleal, pouco ético e deontologicamente duvidoso, embora seja ainda mais duvidoso assistirmos diariamente a jornalistas transformados em "pé de microfone", dando as "deixas" para os tais "comentadores/políticos" gerirem as suas agendas e ambições ou limitarem-se a funcionar, mais prosaicamente, como megafones partidários ou governamentais. De qualquer forma, o que aconteceu prova duas coisas:
- Que José Sócrates continua a suscitar ódios - que por vezes chegam mesmo à histeria e à paranóia - como talvez nunca tenha acontecido com qualquer outro político português em democracia. E particularmente à direita do espectro político, o que não deixa de ser curioso se nos lembrarmos da forma como foi combatido e acusado de "direitista" (ou de fazer "o jogo da direita") pela esquerda radical e comunista.
- Que o problema fundamental não se chama José Sócrates, Marques Mendes, Morais Sarmento, Zé da Horta ou Manel da Burra; ele está nesta particularidade muito portuguesa dos "políticos/comentadores" a quem são oferecidos generosos tempos de antena para defenderem, sem contradição, as suas causas e agendas políticas. Mas, que raio, não existem académicos, jornalistas qualificados, mesmo políticos retirados com trabalho académico reconhecido (e aqui apetece-me homenagear Medeiros Ferreira) em número suficiente para tal função?
2 comentários:
SUbscrevo... a falta de lealdade e de carácter tomou conta do Portugal do século XXI, e já não é só na TV é também na vida Real, há quem ache que tudo vale.
É mais ou menos isso!
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