segunda-feira, julho 25, 2011

Violência e sociedades

Quando acontecem atentados e, principalmente, massacres em países como a Noruega, imediatamente lemos e ouvimos expressões de incredulidade por tais acontecimentos poderem ter lugar em países pacíficos, sociedades abertas e tolerantes, como se tal violência pudesse ser exclusiva de países e sociedades que nos habituámos a associar, bem ou mal, a uma tradição de violência e radicalismos intolerantes, mesmo que democráticas. Convém talvez lembrar que se o comunismo surgiu na violenta Rússia dos "czars" e a América que nos habituámos a associar aos massacres escolares, embora pátria da democracia, se fundou na violência, no segregacionismo, na escravatura e em alguns fundamentalismos religiosos, o nazismo nasceu, cresceu e implantou-se na nação mais culta da Europa, pátria de Beethoven e Schiller, berço do romantismo e de nomes fundamentais da literatura, da filosofia e da música. Ah!, dir-me-ão, mas também do militarismo prussiano. Pois... mas a esses limitar-me-ei a lembrar a História para lhes dizer que o relacionamento entre os militares prussianos e o nazismo foi sempre tudo menos pacífico, para não dizer mesmo conflitual, algumas vezes ao ponto da ruptura.

1 comentário:

joão boaventura disse...

Caro JC

Como uma premonição, em 1924, Herbert Adolphus Miller, na sua “Race, Nations and Classes; the psychology of domination and freedom” (ed. J.B.Lippincott C.º, Filadelfia, London, etc.) , escreveu, a pp 135:

“Patriotismo a cem por cento e confiança na superioridade nórdica são as duas ideias mais perigosas no mundo de hoje; elas levam-nos exactamente nuja direcção oposta à que deve tomar a civilização para sobreviver. As objecções fudamentais que se lhe podem fazer são: 1.º - não encontram nenhum fundamento nos factos; 2.º - organizam um estado emotivo de remotas e desastrosas consequências.”

O recente caso ocorrido na Noruega é a confirmação.

Cordialmente