terça-feira, julho 26, 2011

O governo de Passos Coelho, as primeiras medidas e os interesses corporativos

No tempo dos governos de José Sócrates (como esses tempos parecem agora já tão longínquos!...), o fecho de umas pseudo-urgências do SNS quase deu origem a uma Maria da Fonte do século XXI. O encerramento de umas maternidades, sem que nada de essencial fosse afectado na qualidade dos serviços prestados - antes pelo contrário -, deu origem, nos "media", a um surto de nascimentos em ambulâncias e, no terreno, a uma vaga de patrioteirismo anti-castelhano que julgávamos enterrada já desde os tempos do hóquei em patins patriótico de Vaz Guedes e Livramento, para não falar dos primos Correia. Com o aumento de preço de alguns combustíveis, em grande parte ditado pelo agravamento de custo da matéria-prima, o país quase paralisou, tal como aconteceu com a tentativa de avaliar o trabalho efectuado pelos que ensinam os nossos filhos e netos e dessa avaliação fazer depender a respectiva remuneração. E já não falo da efeverscência com que justiça e forças de segurança se foram comportando ao longo destes últimos anos, precavendo-se contra quaisquer interferências. Por último, e para ser justo, deixem-me recuar aos tempos do último governo de Cavaco Silva, em que um aumento nas portagens da ponte 25 de Abril gerou bloqueios e tumultos importantes, com os camionistas em lugar de comando ou pelo menos de destaque.

Agora, com o governo de Pedro Passos Coelho em funções há pouco mais de um mês, o país assiste, impávido e sereno, quase como que anestesiado, ao lançamento de um imposto extraordinário que fica a dever bastante à equidade, e a um aumento exponencial do preço dos transportes que penaliza essencialmente os mais pobres, os que não têm alternativa senão pagar. Vá lá, saúda-se a mais do que justa introdução de portagens em Agosto na ponte 25 de Abril, embora não se toque no valor das mesmas (agora que existe uma alternativa) não fosse o diabo tecê-las. Se formos ver, reparar bem, todas estas medidas apresentam uma característica comum: não obedecem a nenhum intuito reformista e não ferem exclusivamente os interesses de quaisquer das habituais corporações. E agora chamem lá estúpido ao governo!...

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC

Mais do que anestesiado o país está de férias. Com a desculpa da troika...colossalmente vão-se introduzindo umas medidas (que como diz e muito bem), nada têm de reformistas.
Depois das férias, onde se estão a queimar os ultimos cartuchos, talvez se caia na real...e o país acorde.
Depois do "fogo de vista" das viagens em económica e das gravatas...lá vem a nomeação (com aumento significativo do nº de membros) dos amigos para a CGD.
Trocam-se boys por boys mais alaranjados...É altura de dizer basta.

Cumprimentos

JC disse...

Sejamos pacientes e esperemos pelas medidas reformistas. E tem razão quanto à CGD.