Tal como disse, não gosto de me repetir, e, por isso, não me vou debruçar sobre a questão das normas de vestuário da Universidade Católica. Quem tiver paciência para ler o que escrevi e "linkei" no "post" anterior entenderá facilmente a minha opinião genérica sobre a questão dos "dress codes", assunto que em Portugal insiste em levantar tanta desnecessária celeuma.
Mas, tendo dito isto, talvez seja interessante irmos um pouco mais longe e interrogar-mo-nos sobre quais as motivações e objectivos últimos da "Católica" ao estabelecer tais normas - aliás, bastante flexíveis e aligeiradas - para os seus alunos e professores. O que a UC, que alcançou merecido prestígio numa época pós-revolução em que as universidades do Estado viviam período de alguma agitação, pretenderá não é mais do que acentuar algum carácter elitista (a palavra é aqui usada sem qualquer sentido pejorativo, note-se) da instituição, tentando assim marcar a diferença e assumir um "posicionamento"que lhe permita aumentar a sua quota de mercado face à cada vez maior concorrência e prestígio de algumas universidades do Estado, principalmente a Clássica e a Nova.
Dir-me-ão, talvez, que o que interessa fundamentalmente para estabelecer um "ranking" universitário é a qualidade de ensino e o modo como isso se reflecte no mercado de trabalho. Claro. Mas não existindo, pelo menos nas áreas de Economia e Gestão, as que conheço melhor, uma diferença significativa que justifique o custo acrescido, um pequeno empurrão em termos de "imagem" não deixará de dar um bom contributo e, para além de tudo o mais, talvez não seja assim tão mau que também aqui, na questão das indumentárias, os alunos ganhem alguma experiência que lhes será com certeza muito útil para o resto das suas vidas.
1 comentário:
O Conselho Académico da Universidade Católica recomendou que a sua comunidade adoptasse "formas de vestuário dignas e convenientes" e que se "chamasse a atenção dos que se apresentassem de maneira imprópria". Apesar dos seus estatutos não implicarem o uso de farda, suponho que, para quem não cumpra a directriz, seja infligido um qualquer tipo de castigo corporal ao melhor estilo pidesco, revisitando-se o Estado Novo, sempre tão castrador de razões democráticas e da liberdade de expressão individual. Para um estabelecimento de ensino que advoga ter "uma visão cristã do homem", tal e qual a Igreja que o suporta, deveria saber que mais importante do que a vestimenta e a aparência, é o espírito interior e o bom senso de cada um.
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