Fiquei ontem bloqueado no trânsito por causa da manifestação da CGTP, o que me “obrigou” a assistir à passagem de grande parte do cortejo o que fiz com natural curiosidade. Para além da clara falta de combatividade que transparecia da atitude dos participantes – o que deve ser suficiente, nesta área, para dar vida descansada ao governo – era também notório que uma parte significativa dos manifestantes pertenceria a um conjunto que poderemos, sem demasiadas preocupações de rigor, denominar como "marginalizados" pelas transformações económicas e sociais do Portugal pós-UE: trabalhadores pouco qualificados, professores proletarizados pela democratização do ensino, servidores do Estado que encontram no vínculo à função pública a única defesa contra a sua falta de competitividade, pensionistas de idade avançada, etc.
Não estão obviamente em causa o agradecimento, respeito e solidariedade que todos – repito, todos -, enquanto sociedade, lhes devemos; mas estamos aqui longe, muito longe da mensagem de progresso e de futuro de que eram portadoras, nas suas demonstrações públicas de luta, a burguesia revolucionária do início do século XIX ou o proletariado das primeiras décadas do século XX.
Não estão obviamente em causa o agradecimento, respeito e solidariedade que todos – repito, todos -, enquanto sociedade, lhes devemos; mas estamos aqui longe, muito longe da mensagem de progresso e de futuro de que eram portadoras, nas suas demonstrações públicas de luta, a burguesia revolucionária do início do século XIX ou o proletariado das primeiras décadas do século XX.
7 comentários:
Caro JC
Concordo com a sua análise...mas com o que se avizinha a tendência será diferente num futuro (muito) próximo.
Veja-se a situação dos nossos vizinhos aqui do lado.
Cumprimentos
Conheço bem o aqui ao lado, desde criança. São mtºs e fazem as coisas bem mais "à séria"; mas tb já não é bem o que era. De qualquer modo são mais combativos.
Admiro a sua paciência em ver passar a manifestação. Eu fiquei furibundo por ter sido bloqueado no trânsito.
As manifestações são coisas do passado. Só mesmo o PCP!
Porque não se concentram antes num sítio qualquer em vez de prejudicar quem trabalha?
Reunam-se ma Alameda e ainda comem umas febras tipo Festa do Avante!
Raios os partam!
Fiquei bloqueado. Trânsito cortado e só se andava a pé. Mas confesso o interesse em ver passar a "manif". E concordando ou discordando da ideologia dos manifestantes e motivos (e eu discordo), têm todo o direito a manifestar-se dentro da legalidade e sem serem atirados para um gueto. É assim a democracia. E ainda bem.
Acho que as noticias de ontem trazem ao de cima tudo o que eu mais abomino! Podendo ser populista: Não gosto de políticos, não gosto de política e odeio o sistema partidário português, que alimenta e se alimenta de gente fraca, corrupta e sem capacidades técnicas para os lugares que ocupa!
Passo a explicar:
Concordo com com a generalidade das medidas tomadas ontem (aumento de 2 p.p. no IVA, corte nos salários da função pública, ...),só acho que são tardias e que parece cómico que há cerca de 1 ano andavamos a discutir aeroportos, auto-estradas e TGVs.
Houve apenas 2 medidas que me deixam urticária:
(1) A introdução do fundo de pensões da PT nas contas públicas, numa manobra contabilistica totalmente rídicula e que vem apenas fazer aumentar a dívida pública e esconder o défice deste ano (e não venham com a história de que era necessário esconder o défice por causa dos investidores internacionais. Os investidores internacionais, ao contrário do jornais portugueses, não são estúpidos e percebem exactamente do que se trata esta manobra)
(2) A medida que eu mais ansiava, veio lá no meio bem escondidinha e por concretizar. É bonito dizer que vai haver um esforço na redução das transferências municipais, mas não seria fundamental quantificar? Ou será que daqui a 1 mês já ninguém se lembra das transferências municipais? Dito isto, vamos continuar a ter poli-desportivos em aldeias de 1.000 habitantes, um excesso brutal de trabalhadores municipais, apoios totalmente obscenos a clubes de futebol, corrupção ... E vamos continuar a deixar que os munícipios se endividem sem qualquer tipo de regras?
E como é que isto se relaciona com os políticos e sistema partidário português? É que quem os munícipios empregam são os chamados jovens partidários (os tais fracos, corruptos e sem qualidade técnica) e sem transferências do Estado deixa de haver financiamento partidário através das autarquias.
começo a perceber a malta da CGTP, ... Custa virem-nos ao bolso sem que vejamos que existe um esforço sério de mudar alguma coisa.
Fica outra pergunta: Para quando uma estratégia orçamental a 3 ou 4anos (por mandato)? É que reduzir o défice no próximo é uma coisa, mas reduzi-lo estruturalmente é outra! Percebo que sem uma estratégia para o país é difícil ter um planeamento orçamental.
Não tem muito a haver com o post, mas pela primeira vez na mnh vida senti alguma compaixão pelos militantes da CGTP.
1. Continuo a ser de opinião que o TGV LX-MAD terá que se fazer quando houver oportunidade. O LX-Vigo e o tal "hub" aero-portuário sempre fui contra, e o que tenho escrito prova-o.
2. Gosto de política e reconhecendo-lhe alguma razão quanto a mtºs políticos, nem todos são assim. Infelizmente, cada vez temos menos políticos capazes, mas o mal é, pelo menos, europeu.
3.Quanto ao Fundo de Pensões da PT, concordo ser uma operação contabilística que mascara o "déficit". Toda a gente sabe que é assim, mas o "efeito de ilusão" que cria pode ter algum efeito no curto-prazo, caso contrário ninguém se lembraria de tal operação.
4. É efectivamente isso que se passa c/ as autarquias. Mas existem outras implicações. Mtªs delas são o quase único empregador de mtª gente desqualificada (os "boys" é mais nas grandes, como LX, Porto, Braga, Gaia, etc) principalmente nas zonas mais pobres. São essas as mesmas autarquias, através dessas obras públicas, que permitem a sobrevivência de mtªs empresas locais, c/ a respectiva manutenção do emprego o que, consequentemente, tb alimenta algum comércio local. Mas atenção, entretanto o investimento público foi congelado até final do ano, o que inclui as autarquias.
5. Concordo c/ orçamento plurianuais. Mas atenção: os PECs são já uma aproximação, um género de orçamento plurianual, funcionando os orçamentos anuais como revisões do PEC. Mas preocupo-me mais com a inexistência de um orçamento europeu.
Já agora (tinha-me escapado): segundo o 1º ministro, a transferência do fundo de pensões da PT destina-se, em parte substancial (cerca de 50%), a fazer face à despesa extraordinária que constitui o pagamento dos submarinos de Paulo Portas e do CEMA. Numa óptica de curto-prazo, e tendo em atenção a relação "despesa extraordinária/receita idêntica", ajuda a compreender, embora a tal despesa extraordinária já fosse conhecida há uns anos... Enfim...
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