A propósito dos salários e prémios de gestores, cuja justeza – acho – varia caso e caso e, portanto, não é susceptível de ser discutida de modo genérico a não ser de um ponto de vista moral – e por aí não vou: já há demasiadas questões morais a intrometerem-se onde não devem -, é frequentemente apresentado como argumento, a propósito de António Mexia, que sendo a EDP, na prática, quase monopolista, o que em muitas áreas de negócio do grupo está bem longe de ser verdade, seria muito fácil a qualquer gestor mediano atingir os objectivos estabelecidos.
Bom, como disse, não me vou pronunciar sobre o caso em concreto, mas apenas aproveitar o facto para vincar que, em termos gerais, se trata de um raciocínio falacioso. Os objectivos estabelecidos para qualquer empresa e para os seus gestores de topo, e outros, têm sempre em linha de conta (ou devem ter) as condições concretas em que a empresa opera, quer internas, quer externas, neste último caso ao nível dos mercados e das variáveis macro-económicas. Serão, portanto, sempre muito diferentes entre si os objectivos estabelecidos para empresas que operam em situações de mercado díspares (é costume ver citadas a EDP e a CP, como exemplos extremos) ou, até, para uma mesma empresa em conjunturas macro-económicas diferentes. Assim sendo, e vincando mais uma vez não me pronunciar sobre o caso concreto que tem dado origem à discussão, não me parece faça qualquer sentido contestar salários e prémios com base em tal argumentação.
Já agora: também não me parece seja tida como boa a argumentação apresentada salientando o facto de algumas dessas empresas serem comparticipadas pelo Estado ou este ter nelas uma palavra determinante enquanto accionista, assistindo-lhe um certo dever de “reserva moral”, digamos assim. Em muitos desses casos, trata-se de empresas onde o Estado convive com accionistas privados, alguns deles internacionais, e em muitas das suas áreas de negócio estratégicas operando em mercados externos altamente competitivos e concorrenciais. Mais ainda: se o Estado tem nelas uma palavra importante isso acontece, frequentemente, porque se tratam de áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento do país - e cito, por exemplo, as novas tecnologias ou as energias alternativas. Há pois que ter também cuidado quando se fala em afastar o Estado dos negócios e analisar, caso a caso e antes de meter tudo no mesmo saco da ideologia, a justificação para essa presença.
Como disse, existem certamente bons argumentos para defender ou contestar os salários e prémios dos gestores; o que não pode acontecer é deixarmos de ter em atenção os diversos casos concretos ou deixarmo-nos levar, na sua contestação ou defesa, pela demagogia ou apenas por questões de ordem moral. Aí, temos a caldo entornado.
Bom, como disse, não me vou pronunciar sobre o caso em concreto, mas apenas aproveitar o facto para vincar que, em termos gerais, se trata de um raciocínio falacioso. Os objectivos estabelecidos para qualquer empresa e para os seus gestores de topo, e outros, têm sempre em linha de conta (ou devem ter) as condições concretas em que a empresa opera, quer internas, quer externas, neste último caso ao nível dos mercados e das variáveis macro-económicas. Serão, portanto, sempre muito diferentes entre si os objectivos estabelecidos para empresas que operam em situações de mercado díspares (é costume ver citadas a EDP e a CP, como exemplos extremos) ou, até, para uma mesma empresa em conjunturas macro-económicas diferentes. Assim sendo, e vincando mais uma vez não me pronunciar sobre o caso concreto que tem dado origem à discussão, não me parece faça qualquer sentido contestar salários e prémios com base em tal argumentação.
Já agora: também não me parece seja tida como boa a argumentação apresentada salientando o facto de algumas dessas empresas serem comparticipadas pelo Estado ou este ter nelas uma palavra determinante enquanto accionista, assistindo-lhe um certo dever de “reserva moral”, digamos assim. Em muitos desses casos, trata-se de empresas onde o Estado convive com accionistas privados, alguns deles internacionais, e em muitas das suas áreas de negócio estratégicas operando em mercados externos altamente competitivos e concorrenciais. Mais ainda: se o Estado tem nelas uma palavra importante isso acontece, frequentemente, porque se tratam de áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento do país - e cito, por exemplo, as novas tecnologias ou as energias alternativas. Há pois que ter também cuidado quando se fala em afastar o Estado dos negócios e analisar, caso a caso e antes de meter tudo no mesmo saco da ideologia, a justificação para essa presença.
Como disse, existem certamente bons argumentos para defender ou contestar os salários e prémios dos gestores; o que não pode acontecer é deixarmos de ter em atenção os diversos casos concretos ou deixarmo-nos levar, na sua contestação ou defesa, pela demagogia ou apenas por questões de ordem moral. Aí, temos a caldo entornado.
4 comentários:
Por acaso acho que existe uma diferença entre as empresas monopolistas e as outras. As empresas que trabalham em mercados concorrenciais têm os lucros capeados pela competitividade das restantes empresas. Basicamente, o lucros gerado por estas empresas deve-se às vantagens competitivas que estas têm face aos seus concorrentes.
Num monopólio, as coisas não funcionam da mesma maneira. É por isso função do Estado, através da regulação e da participação que detém nestas empresas, limitar os lucros destas empresas, garantindo que estas têm um retorno aceitável para o risco que incorrem na sua actividade, mas garantindo também que estas não retiram valor ao consumidor final em seu proveito.
Neste sentido, não faz sentido que uma empresa monopolista atribua prémios de 3 M€ a um gestor. É legítimo que os consumidores pensem que estes prémios se devem a lucros excessivos, ganhos à conta dos consumidores e do preço final ao consumidor. Se têm lucros suficientes para pagar aos accionistas e ainda dar prémios de dezenas de M€ aos gestores, parece que a regulação deveria ser mais exigente.
Meu caro: diz exactamente, mas por outras palavras, o que eu digo: os objectivos devem ser determinados em função da situação em que a empresa opera. Não me quis pronunciar sobre o caso concreto, mas é provável que em alguns casos esses objectivos estejam incorrectamente estabelecidos. Não sei se é esse o caso da EDP, mas atenção:como tb sabe, o grupo EDP opera em mtºs mercados extremamente competitivos.
Concordo com a generalidade dos principios para os prémios de gestão, e no enquadramento dos mesmos. Há uma questão de principio, que do meu ponto de vista, tem a ver com "decência e decoro", e não penso que seja populismo, deve haver limites. Os valores praticados constituem um atentado (e não só cá). A outra questão prende-se com o risco inerente a determinados objectivos versus prémios que muitas vezes comprometem a saúde da empresa no médio prazo, já que no curto prazo o objectivo é atingir os objectivos para obter o prémio (custe o que custar).
Relembremos o caso (de uma grande financeira americana) cujos gestores, depois de a terem levado à falência obtiveram bónus astronómicos. Vá lá que BO ainda foi a tempo de os taxar a 95%...
Genericamente de acordo c/ o seu comentário, caro anónimo. Inclusivamente com o facto de deverem existir limites.O problema é que esses bónus foram mtªs vezes fixados, de modo exagerado, com um objectivo ideológico (veja o meu "post" anterior s/ o assunto) e, agora,o assunto tem sido tratado, genericamente, de um ponto de vista demagogico e populista.
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