Por um momento, deixemos de lado os “lobbies”, os negócios e as teorias da conspiração. Não porque não possam ser relevantes; mas apenas por comodidade de raciocínio. Vejamos então a “coisa” apenas de um ponto de vista político. Assim sendo, o tal "manifesto" contra as energias renováveis até pode parecer uma boa ideia para quem se não revê no actual estado de coisas: tenta abrir uma nova frente de luta contra o governo, lançando a dúvida numa matéria onde este é visto como tendo sido bem sucedido, constituindo mesmo uma das áreas emblemáticas e unanimistas da sua actuação, e aproveita bem um momento de fraqueza do governo (tem tido momentos diferentes?) em que este tem sido obrigado a constantes cedências, quer a sindicatos (professores, pilotos da TAP e lá chegaremos aos enfermeiros), quer à oposição (PEC, grandes obras públicas, etc).
No entanto, penso que os seus mentores ficaram de tal modo deslumbrados com a ideia que se esqueceram de algo fundamental: em política há que ter em primeiro lugar atenção à correlação de forças e essa não parece nada favorável aos proponentes nem susceptível de alteração no curto-prazo. Em primeiro lugar porque o assunto, ao contrário dos temas de corrupção, de salários dos gestores, disciplina nas escolas ou mesmo de grandes investimentos públicos, é demasiado pouco atractivo e, para já, nada mobilizador para o “povo da SIC”; em segundo lugar, porque diferentemente de outros temas dos quais a direita e a esquerda radical têm feito causa comum, este, dada a simpatia de que as questões ecológicas gozam à esquerda (mas não só), é insusceptível de o conseguir; em terceiro lugar porque o assunto, quer se queira quer não, tresanda a opção nuclear, coisa cuja contestação é bem capaz de unir para aí uns 75% dos portugueses e de fazer crescer exponencialmente a popularidade de um primeiro-ministro e de um governo que se lhe oponham, mesmo que este se chame José Sócrates. E, como disse, e por comodidade de raciocínio, resolvi deixar de fora os aspectos integrados no chamado “business as usual”, coisa nada despicienda para a avaliação do cidadão comum.
Tendo dito isto, que prova então tal "manifesto"? Pouca habilidade e visão políticas por parte dos seus subscritores, o que não é nada de que todos já não suspeitássemos. Digamos, pelo lado positivo, que pelo menos se passou a discutir política em vez da "verdade". Nada mau, claro, tendo em vista o passado recente; mas, já agora, seria bem melhor que a oposição do lado direito (Mira Amaral foi um destacado apoiante de Passos Coelho) o procurasse fazer directamente, dispensando os intermediários.
No entanto, penso que os seus mentores ficaram de tal modo deslumbrados com a ideia que se esqueceram de algo fundamental: em política há que ter em primeiro lugar atenção à correlação de forças e essa não parece nada favorável aos proponentes nem susceptível de alteração no curto-prazo. Em primeiro lugar porque o assunto, ao contrário dos temas de corrupção, de salários dos gestores, disciplina nas escolas ou mesmo de grandes investimentos públicos, é demasiado pouco atractivo e, para já, nada mobilizador para o “povo da SIC”; em segundo lugar, porque diferentemente de outros temas dos quais a direita e a esquerda radical têm feito causa comum, este, dada a simpatia de que as questões ecológicas gozam à esquerda (mas não só), é insusceptível de o conseguir; em terceiro lugar porque o assunto, quer se queira quer não, tresanda a opção nuclear, coisa cuja contestação é bem capaz de unir para aí uns 75% dos portugueses e de fazer crescer exponencialmente a popularidade de um primeiro-ministro e de um governo que se lhe oponham, mesmo que este se chame José Sócrates. E, como disse, e por comodidade de raciocínio, resolvi deixar de fora os aspectos integrados no chamado “business as usual”, coisa nada despicienda para a avaliação do cidadão comum.
Tendo dito isto, que prova então tal "manifesto"? Pouca habilidade e visão políticas por parte dos seus subscritores, o que não é nada de que todos já não suspeitássemos. Digamos, pelo lado positivo, que pelo menos se passou a discutir política em vez da "verdade". Nada mau, claro, tendo em vista o passado recente; mas, já agora, seria bem melhor que a oposição do lado direito (Mira Amaral foi um destacado apoiante de Passos Coelho) o procurasse fazer directamente, dispensando os intermediários.
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