Ambiente sórdido, mesquinho, “rasca”, como que iluminado por lâmpadas já gastas de 25 watts. Cores “encardidas”, em que nenhuma delas é “pura”; o branco nunca é branco e tudo é reduzido a uns tons indefinidos, sujos, como se a roupa tivesse sido lavada anos a fio a 90º com todas as cores misturadas. Um filme sobre a pequenez humana, sobre uma cidade e um país taciturnos, feitos apenas de subúrbios e de ruas desertas. Isto é “Das Leben Der Anderen” (“A Vida Dos Outros”), de Florian Henckel von Donnersmarck, um retrato da ex-RDA, que poderia também sê-lo de qualquer outro país do antigo leste europeu antes da queda do “muro”. Um ambiente que eu ainda tive oportunidade de visitar algumas vezes em viagens de turismo à Hungria e Checoslováquia. Difícil perceber como alguns de nós se deixaram seduzir. Difícil olhar para aquelas personagens e não nos lembrarmos de alguns dirigentes do “nosso” PCP.
Nota de dia seguinte: soube esta manhã, segunda-feira, que tinha ganho o Óscar para melhor filme estrangeiro. Os Óscares valem o que valem, mas, neste caso, seja ou não o melhor, é um merecido reconhecimento.
Sem comentários:
Enviar um comentário